terça-feira, 22 de dezembro de 2009

É tempo de festa?





























Pois é, é tempo de paz - mentira! Todos estão juntos num só pensamento - outra mentira deslavada! As crianças do mundo estão ansiosas a espera de presentes - mentira outra vez! Bom, já chega!

Todos nós sabemos que, entra ano, sai ano, o mundo piora. O efeito estufa está aí , mas ninguém tá nem aí! Os judeus e os Palestinos continuam a se digladiarem. Os capitalistas continuam a ganhar dinheiro, - as putas também! Os bancos continuarão a quebrar e f... com meio mundo, enquanto os governos pagarão o prejú - quer dizer, o povo. A direita fica mais a direita, enquanto a esquerda ficará mais tonta. O segredo da Coca continuará em segredo, enquanto em todo planeta continuarão a se perguntar como o pastel de Belém é feito. Ou seja, vai continuar tudo na mesma merda de sempre. Comemorar o que então? Quem sabe, o fato de continuar vivo, sem ser abatido por uma "bala achada", ou não tomar um peteleco no meio da cara dentro do carro, mas isso tem um lado bom: você terá o seu momento de fama no programa do Datena ou do Ratinho.

Enfim chegou a época mais festejada do ano, depois do carnaval, depois do futebol e depois das eleições, - esta última só comemora políticos e doadores de verba pros caixas dois.


Assim é assim será, tenham um feliz natal, mas só se puderem, é claro!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Eu, Lisa Mansel e o Punjabi ou A universalidade de um escrito.























Durante esta semana, estive pensando nessa coisa de “escrita universal”. O que é isso? No meu humilde entender, é a escrita compreensível a uma grande variedade de pessoas de diversas nacionalidades. É quando sua escrita atinge indivíduos de culturas diferentes da sua. Foi exatamente isso que aconteceu com um roteiro de curta metragem que escrevi há alguns anos atrás. http://www.simplyscripts.com/scripts/FlowerstoLisaMansel.pdf
Esse fato em especial, - houve outros -, me proporcionou uma grande satisfação pelo fato de advir de uma discussão entre estudantes de cinema de uma instituição de ensino, não do Brasil, nem dos Estates, ou até mesmo da América Latina, mas no Paquistão. É isso aí, estudantes do Punjabi. Por isso, decidi dividir o conteúdo do email de um dos estudantes envolvidos na discussão. Fiquem tranqüilos, pois ele me permitiu publicar o conteúdo - como vocês poderão constatar- , com todos que por aqui passam. Aqui está:

Dear Mr Cordeiro,

I am a student of film making in University of Punjab, Lahore, Pakistan. I came across your script "Flowers To Lisa Mansel" it is a beautiful short script. I was having a discussion about it with my friend but we came to a hault according to me the script takes place in atleast two different days one when he gets up takes shower buys bouquet and goes to the graveyard
and the other day when he is walking in street, buys flower and goes to Lisa Mansel's Place and then there is also a flash back of a previous incident with Lisa Mansel

My Friend disagrees and says its the same day and the girl on the door receiving flowers is not actually Lisa Mansel, Malcolm realizes at that moment that she had died and than buys the flower again and goes to graveyard.

Can you please clarify our confusion we will highly appreciate it. your contribution can help us become good filmmakers.

waiting for your reply

Thank you
Farewell
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Umar Amin Qureshi
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Dear Mr Cordeiro,
You can post my question and i will be glad if my question helps answering others. I am trying to become a filmmaker and i hope all doing the same and all who already are successful can help each other out.

All of us can learn from each other.

Thank you
Farewell
--
Umar Amin Qureshi

domingo, 13 de dezembro de 2009

Sim, Felipe Damo para prefeito! Por que não?



















Um dia antes de retornar de Buenos Aires, impregnado de pensamentos acerca de política e, principalmente, com toda a repercussão que o governo de Lula tem causado na Argentina e mundo afora, terminei sonhando sobre o assunto: política. Só que o sonho não se referia à Argentina, mas à cidade onde vivo: Itajaí, Santa Catarina.

O sonho foi tão interessante que, ao acordar, imediatamente resolvi escrever o que ainda lembrava dele. Aliás, segundo a minha mulher, eu lembro de quase tudo que sonho. Relato-os como se fossem histórias, daquelas lidas para entreter os sobrinhos ou netos, em dia de muita chuva e frio, em frente à lareira. Eu havia sonhado que Felipe Damo era o novo prefeito de Itajaí.

Bom, resolvi não descrever o sonho em si, mas escrever o que penso sobre a candidatura de meu amigo Felipe Damo à prefeitura de Itajaí, caso, quem sabe, ele decida se candidatar ao cargo um dia.

O que faz um bom e eficiente alcaide? São tantas as coisas que além das virtudes, também algumas atitudes pouco simpáticas, que podem, muitas das vezes, serem alcunhadas como defeitos antipáticos às vistas do povo. Eu, particularmente, acho que é preciso mudar os conceitos acerca da , digamos assim, profissão. É, profissão porque, de um modo ou de outro, os que exercem esta atividade, estão sendo remunerados pelos seus serviços. Assim, vejo que se trata de uma atividade profissional como qualquer outra.

Estou postando este artigo, ou reflexão, como queiram, porque por esses dias em que estive fora do Brasil, pude rever algumas coisas, relacionadas à vida na cidade que escolhi ou não, como diria o Veloso, para viver. Lá se vão quase 9 anos aqui vividos, observando os entremeios da vida política e cultural da cidade. Hoje chego á conclusão de que Itajaí precisa mudar. Mudar em todas as áreas. Principalmente, naquela referente à política e, particularmente, na prefeitura do município. Se hoje me indagassem em quem eu votaria para prefeito da cidade, eu não teria dúvida nenhuma e diria de boca cheia, sem medo: Felipe Damo.

Talvez esta revelação possa constranger muita gente da cidade. Todavia, eu justifico a minha escolha - cega, vocês diriam. Claro que é uma simples e humilde opinião de cidadão, mas que representa o meu pensamento acerca do assunto que posto. Por que Felipe Damo? Porque se trata de um jovem que em minha opinião, tem todos os requisitos para fazer uma mudança significativa na prefeitura de Itajaí. As mudanças que sua população espera, mas não tem voz para reclamá-las.

Damo tem a idade certa para assumir tal cadeira e olhar os problemas da cidade com os olhos de quem já tem uma boa experiência, tanto na política, como na vida comum de qualquer cidadão. Ele é pai, é amigo, é um militante equilibrado dentro de suas hostes políticas e tem um senso de justiça, que falta a alguns pretendentes ao cargo - assim como falta aos ex-ocupantes do mesmo. Damo, é humanista, mas também é pragmático. Indivíduo organizado e zeloso. Articulado. Fala com convicção do que pensa. Orador como ninguém. Quem o vê declamando seus poemas como de outros poetas sabe do que eu falo. Negociador nato. Sabe ponderar quando necessário. Tem um pensamento positivo sobre a cultura e sabe o que falta pra fazê-la solidária e exitosa pra sociedade de Itajaí. Damo é nascido no seio de classe trabalhadora, descendente de Italianos, onde os valores familiares são fortes, contudo, não tão fortes que não possam ser flexíveis diante dos interesses públicos. Seus valores, me parece serem os mesmos de qualquer cidadão honesto desta comunidade.

Assim, lanço a sua candidatura à prefeitura da cidade de Itajaí, sem medo de errar em minha proposta. Tenho a convicção de que Felipe Damo faria um grande e inesquecível governo e que Itajaí daria um passo para fora da mesmice e inércia em que vive há muito tempo. O povo itajaiense merece o melhor. O melhor, neste momento é o jovem atual presidente do PT, jornalista, poeta e cronista, Felipe Damo. Quiçá o futuro prefeito de Itajaí.

Pois é, sonho é isso mesmo. Revelam nossos mais profundos desejos. Espero, sinceramente, que esse, em particular, venha se tornar realidade um dia. Sim, Felipe Damo para prefeito! Por que não?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

?Olá, que tal?

















Pois é, foi a frase que mais escutei o tempo todo por onde eu andava na terra de Jorge Luís Borges, Maradona e Evita Duarte Perón. Assim, foi também, em terras “uruguajas”, sobre as quais falarei em outro tópico.

Nunca havia eu viajado além das nossas fronteiras com os países da America do Sul. Pela primeira vez, pude ver a nós mesmos brasileiros, como se fosse através de um espelho, com apenas umas pequenas diferenças, como a língua e a falta de um toque afro na tez. No mais, tudo tem a ver com a gente. Na realidade, eu penso, fazemos parte de um só corpo: a América do Sul.


Além dessa constatação, quando estava retornando ao Brasil, me veio à mente a viagem reflexiva e elucidativa que fez um jovem argentino nos anos 50. Um burguês de classe média, recém médico, chamado Ernesto Guevara de la Serna (1928-1967). Claro, eu não sou ele e, além disso, sua viagem aconteceu em outra época, mas pude enxergar através da Argentina e Uruguai, que a América do Sul quase não mudou desde o tempo em que Ernesto a rodou em cima de uma motocicleta. O povo latino-americano continua sendo explorado. E foi isso que mexeu com aquele jovem argentino e também com esse humilde pernambucano que lhes escreve. Mas vamos ao que interessa: o que eu vi na cidade de Buenos Aires.

Ao perambular pelas calles portenhas, pude imaginar por que a chamavam de a “Paris da América do Sul”. A capital dos argentinos ainda ostenta uma beleza arquitetônica que, quem sabe, provavelmente não existe em outras capitais da América do Sul. Os edifícios antigos são um grande exemplo do quão forte foi a influência da arquitetura européia. Fiquei realmente deslumbrado com as edificações, principalmente as do início do século passado, cujas fachadas exibem as diversas tendências do que havia de melhor no velho continente. Detalhe: os nomes dos arquitetos que as planejaram estão gravados em seus frontispícios. Claro, existem edificações de mau gosto. Existem prédios moderníssimos também, como por exemplo, os que estão na região portuária, que foi revitalizada: Porto Madero. Lá foi feito um belo trabalho urbanístico. Projeto elaborado pelos setores público e privado. Outra coisa: chamaram-me a atenção, suas avenidas anchas - como as denominam os portenhos -, com relevância em especial para a maior delas: a Avenida 9 de Julho. Uma visão que me pegou de jeito. Foi como se ela fosse uma grande ópera cujo grandfinale terminasse no seu obelisco, monumento que foi erigido em 1936 em comemoração ao quarto centenário da fundação da cidade.

Pode ser que, quem agora esteja lendo estas linhas, me venha censurar, por eu estar elogiando assim, com tamanha ênfase, a capital dos argentinos, mas confesso que aquela cidade me fisgou.

Eu sei que os portenhos ainda carregam um ar de soberba com eles, mas creio que muito menos agora, neste momento em que a situação econômica do país passa por uma crise, em que o governo da Sra. Cristina Kirchner anda em baixa na opinião de muitos dos argentinos. Eu mesmo pude constatar tal situação ao indagar os taxistas, porteiros e outros tipos, principalmente, de trabalhadores comuns. Eles estão deveras descontentes com a gestão da “La Señora”. O seu partido perdeu algumas cadeiras no congresso e está em minoria agora.

Ah, por falar na presidenta, visitei a Casa Rosada. Uma edificação que parece, mal comparando, o Palácio de Buckingham em cor rosa. Visitei o palácio presidencial e constatei a suntuosidade e beleza de suas dependências. Pude sentir, ao observar todo seu interior, que aquele país viveu momentos de glória como poucos países na América Latina. Os salões são amplos, com móveis ricos em detalhes; colunas com adereços em ouro. Vitrais coloridos ornam os acessos aos salões. Verdadeiras obras de arte compõem seu interior.

A sua guarda é poliglota. Os jovens cadetes todos empertigados dentro de seus bem cortados uniformes em azul e vermelho - nada daqueles trajes “o defunto era maior” que aparecem nos filmes “Made in USA” sobre “los chicanos”-, nos guiavam através dos diversos ambientes do palácio governamental. Confesso que fiquei matutando como vivera Evita e Juan Carlos Perón naquela casa; os dois andando pelos corredores daquele palácio e tomando um fresco no belo jardim de inverno que existe no interior da casa, discutindo banalidades e também o futuro dos argentinos. É pena que não nos foi permitido entrar no salão que dava para o balcão onde ela, Evita, saudava o povo como se fosse uma deusa, ou melhor, uma santa viva. Aliás, fui ao famoso Cemitério da Recoleta, onde seus restos mortais descansam.

Ainda falando de política, achei super engraçado, o fato de um taxista me pedir emprestado Lula por dois anos – “Solamente por dos años!” - disse ele. Ele queria o nosso presidente torneiro mecânico para colocar as coisas nos eixos em seu país. O que mostra que Lula anda mesmo em alta, mundo afora.

Outro fato que me chamou a atenção foi que, antes de sair do Brasil, o meu amigo, o historiador Miguel Angel Rodriguez, um apaixonado e estudioso de Jorge Luís Borges, me encomendou alguns títulos do filósofo, poeta e pensador argentino. Esta tarefa que ele me deu me proporcionou uma incrível constatação: a de que Buenos Aires tem mais livrarias do que no Brasil inteiro! Somente na Av. Corrientes contei umas vinte, só no perímetro entre a Florida e a avenida que me conduzia ao hotel onde estava – Av. Callao com Calle Bartolemé Mitre. Fato impressionante, sem dúvida. Detalhe: todas as livrarias estavam quase sempre cheias de gente. Ou seja: o argentino de Buenos Aires gosta mesmo de literatura. Nós brasileiros devíamos seguir este bom exemplo dos hermanos.

Com relação à comida, cheguei à triste constatação de que, tal qual os gaúchos do nosso querido Rio Grande do Sul, os argentinos são comedores vorazes de carne de boi - só fui comer peixe em Montevidéu. Todavia, entrei um pouco na deles, o que me proporcionou, num dos dias, um mal estar daqueles, suficiente para não ir com um grupo de amigos para uma noitada no famoso Café Tortone, para assistir e ouvir Tango. Tive que me recolher ao meu quarto de hotel, depois de ingerir um efervescente e muita água mineral. Todavia, também pude experimentar suas boas ceverzas e seu famoso Fernet con Coca, além de alguns bons vinhos de Mendoza de que, em parte, eu já conhecia a boa qualidade.

Outra constatação, que me chamou a atenção, foi o fato de ser bajulado em todos os centros comercias de Buenos Aires, como se rico fosse. Fato que me lembrou do tempo em que nós brasileiros é que os bajulávamos, quando sua moeda era forte tanto quanto o dólar americano. “És la vida, hermano. Ou melhor, “son las malas administraciones de los gobiernos Menem e Kirchner”, diriam os argentinos.

Bom, de modo geral, gostei de ter conhecido Buenos Aires. Sem dúvida faltou muita coisa para conhecer na Argentina, eu sei, mas quem sabe em outro momento poderei fazê-lo, pois eu penso em volver allí, assim que puder.

No fundo, lamentei toda a situação por que estão passando nossos hermanos, mas mesmo em baixa, eu senti que eles ainda são uma gente briosa, com um senso de luta muito presente. Não se rendem facilmente. Lutam até o último momento. Por isso, é que nós, brasileiros preferimos pelear con ellos pelo grande combate que eles proporcionam durante todas as peleas em que nos enfrentamos, no fútbol, i claro.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Diabo resenhado!







Pessoal acabei de ler, diga-se de passagem, com uma satisfação dos infernos, a resenha assinada pelo jornalista Felipe Damo do livro que acabei de lançar. Como o próprio Damo diz em sua reflexão sobre Onde o Diabo Perdeu as Botas, ele é suspeito pra comentar sobre o livro - ele assina o prefácio -. Contudo, faz uma ressalva, dizendo que uma coisa é prefaciar, outra é resenhar. É isso aí, Damo!

Aqui está a resenha:


"Que número o Diabo calça?
14 de Novembro, 2009

Ele não desiste. O escritor pernambucano radicado em Itajaí, Hélio Jorge Cordeiro, acaba de lançar o seu segundo romance em terras catarinas. Sei que sou suspeito em falar, uma vez que coube a mim a honra de prefaciar a obra. Porém, apresentar é uma coisa, resenhar é outra. Helinho chega ao seu segundo romance mostrando um amadurecimento de estilo, uma trama mais densa e uma riqueza de detalhes que talvez seja o maior diferencial entre o primogênito e o caçula dessa prole literária.

Ainda com traços de sua carreira de roteirista do glorioso cinema nacional brasileiro, Onde o Diabo Perdeu as Botas poderia, sem muito esforço, ser adaptado ao teatro ou ao cinema. É uma daquelas tramas nas quais o leitor se vê obrigado a imaginar o take já no instante em que os olhos galopam sobre o emaranhado de letras. A história fácil e envolvente toma lugar diante dos olhos, ali, na rua na frente de casa. Não requer muita abstração.


Nesta segunda aventura pela sinuosa e longa estrada da literatura, Cordeiro trabalha melhor as personagens que são, sem dúvida alguma, o ponto alto da obra. O autor capricha na descrição e nas idiossincrasias de cada um deles. A comparação com Dias Gomes, outro comunista dado às letras, é inevitável e, a meu ver, honrosa. É assim na concepção das personagens, seus conflitos, dilemas e fraquezas. E o clima interiorano, com aquele jeitão de “os confins da pátria mãe gentil” também ajuda no tempero da história, que margeia o realismo fantástico, tão caro aos autores latino-americanos e ainda tão pouco explorado pelos escritores brasileiros, muitas vezes americanizados no estilo e no espírito.


A história é leve, flui maravilhosamente bem, e está salpicada de um humor inteligente, outra marca registrada do autor boa-vida. Ou como é que você imaginaria a visita de Belzebu ao sertão do Brasil?


Com Onde o Diabo Perdeu as Botas, Hélio Jorge Cordeiro mostra mais uma vez que é possível fazer uma literatura mais próxima do entretenimento, sem hermetismos, e com a simples ambição de contar uma boa história, como nos velhos tempos, como nas cidadezinhas de interior, como nas rodas de botequim, onde velhinhos recordavam causos memoráveis e onde, vez ou outra, o diabo, de fato, aparecia.

Felipe Damo"

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

FESTIVAL DE MÚSICA O CUBANCHEIRO - Vitor Araújo, um jovem arretado !

Ontem, 04 de Nov., tive a grata satisfação de assistir a um show do jovem pernambucano Vitor Araújo. Um virtuosi sem dúvida.

Aqui está uma mostra de seu talento e nada melhor do que vê-lo e ouvi-lo tocar o clássico Asa Branca de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira:

domingo, 25 de outubro de 2009

FINALMENTE, LANÇADO!


















OBRIGADO A TODOS QUE ESTIVERAM NA LIVRARIA CASA ABERTA, NO LANÇAMENTO DE MEU LIVRO ONDE O DIABO PERDEU AS BOTAS!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Velho e decrépito ou o desprezo com a própria história.























Já faz tempo que eu gostaria de comentar aqui acerca do Mercado Público de Itajaí. Esta semana foi a gota d’água. Não aguentei ver os problemas por que enfrenta aquele prédio público. Foi lamentável ver o estado precário em que ele se encontra. Assim, diante disso, decidi abrir a boca sobre o assunto, aqui no meu blog.

Começo pelos caibros que sustentam o telhado do velho prédio que estão em condições sofríveis; os cupins fazem a farra. Tá certo, já existe a farra do boi, por que não a farra dos cupins? Dá pra notar que as vigas de madeira, as maiores e mais resistentes, as que adornam os quatro arcos que formam as entradas para o seu interior, estão cedendo. Sem falar no telhado, completamente carente de reposição. As velhas telhas inglesas, já completamente desgastadas, pedem substituição imediata. Para provar o que estou falando, basta aparecer lá no mercado num dia de chuva. É um Deus nos acuda. Goteiras por todos os lados. A fiação elétrica nem se fala. Do jeito que tá, logo pode ser acusada de por fogo (mais uma vez!) no edifício. O chafariz, que fica no centro de seu pátio, mais parece um monumento daqueles que adornam os cemitérios ingleses. As calhas que cortam a cobertura pedem socorro. E por aí vai. Os banheiros são o que podemos chamar de coisa do demo! Se eu aqui estivesse escrevendo algum conto, eu diria que a merda teria medo de ali cair. Eu digo e insisto: se torna urgente uma reforma naquele lugar público e, por conseguinte, novas políticas para a sua conservação.

Infelizmente, a população não se dá conta do que está acontecendo por lá. O governo municipal - Fundação de Cultura e o Patrimônio Histórico- , é o responsável direto em preservar aquele lugar. Se eles disserem que será difícil para os atuais locatários enfrentarem uma reforma pra valer, eu diria que não – olhem que eu não sou nenhum engenheiro ou arquiteto!- Eu digo que se pode arrumar um espaço para todos até concluídas as obras; eu sugiro que todos os locatários fiquem provisoriamente numa estrutura coberta ao lado onde se encontra o Mercado de Peixe. Um bom projeto mostrará que é possível. Nada complicado a meu ver. Sugiro também, que se faça um concurso para que arquitetos de Santa Catarina apresentem seus projetos de reforma do velho mercado sem que lhes tirem as características originais. Um prêmio poderia ser oferecido por algumas entidades locais. Só o fato de ajudar a preservar a história desta cidade já seria um grande galardão.

Eu, francamente, espero que algum vereador sério, possa levar esta discussão em plenário e denuncie a situação calamitosa por que passa o Mercado Público de Itajaí.


Enquanto a velha construção não desabar sobre nossas cabeças, ninguém irá fazer nada, pelo jeito. Já a minha pessoa, entre um trago e outro, vai ficando de olho para não ser vítima, junto a ele, desse descaso para com um dos mais importantes cartões postais da cidade.

domingo, 18 de outubro de 2009

Desta vez Dona Beja se complicou!



























Lamentável a repercussão do vídeo com a Maitê Proença pra GNT (Rede Globo!), levando ao ridículo os portugueses (em Portugal!), em suas intervenções pelos arredores de Lisboa.

Lamento por dois motivos: o primeiro, porque uma atriz tão cheia de talento se dispor a passar por essa situação em nome de uma rede de televisão que a cada dia mostra a que veio: desinformar a grande massa. Segundo, é o fato de ser porta voz de um lado preconceituoso desta nação brasileira que ainda não se conforma em ter sido colônia de Portugal e não de Holanda, França ou quem sabe da Alemanha (no fundo, gostaria de ser uma Porto Rico!).

Dia sim, dia não, ouço alguém dizer que não é descendente direto dos açorianos. Por quê? Claro, ser descendente daquela gente não é fato de orgulho, mas de vergonha. Ora, pois! Faz mais de 200 anos que deixamos de ser colônia de Portugal, carago! Complexo de colonizado, é claro! Bom, é mesmo muito bom que os Portugueses tenham se manifestado, repudiando esse tipo de brincadeira. Vai ficar, a partir de agora, mais difícil se apresentar na santa terrinha. Bem feito! Quem mandou falar mal de nossos antepassados?

Dizem que fantasmas não existem, mas que eles estão aí a nos amedrontar. Eles estão, só que aqui mesmo, através de canais de TV como a GNT, por exemplo.


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Copacabana Mon Amour e outras lembranças


Esta semana tive a oportunidade de assistir a “Copacabana Mon Amour”, produção de 1970, escrito e dirigido pelo catarinense Rogério Sganzerla.

Tive o prazer de desfrutar da amizade de Rogério quando o conheci em 1968, em São Paulo, durante a produção do filme O Bandido da Luz Vermelha. Naquela ocasião, me encontrava em sampa, levado pelo meu irmão, José da Costa Cordeiro, ou Déca, como ele era conhecido no meio cinematográfico e que ajudou a produzir o Bandido - Déca trabalhava na Urânio Filmes produtora do filme. Alguns anos depois, vou reencontrar Rogério no Rio de Janeiro, quando eu trabalhava na Embrafilme. Naquele período, Rogério andava muito amargo e revoltado com o setor cinematográfico brasileiro, que, segundo ele, travava mal os cineastas fora da “igrejinha”, - se leia ai os Barretos e os Farias, provocando muita polêmica no meio.

Voltando a Copacabana Mon Amour, o filme mostra o comprometimento de Rogério com um tipo de cinema mais despojado, quase anárquico, que, a meu ver, foge do cinema novo - movimento cujo símbolo maior foi o diretor baiano Glauber Rocha. Rogério já havia se consagrado com O Bandido da Luz Vermelha, sua obra-prima e que lhe valeu a alcunha de diretor underground. Com Copacabana, mais uma vez, o diretor volta a quebrar as normas, tanto do ponto de vista do cinema convencional, quanto do próprio cinema novo.

Apesar de Copacabana Mon Amour ter uma idéia um tanto simples, Rogério usa e abusa da retórica como apoio para seu discurso filmado. O filme é recheado de várias indiretas - já que estamos falando de uma produção de 1970, quando reinava o famigerado regime de exceção e, portanto, a censura – como, por exemplo, quando Sônia Silk (Helena Ignez), a personagem principal, faz ponto ao lado de uma viatura da polícia ou quando o malandro-cafetão pede dinheiro para uns marinheiros americanos em Copacabana. Até mesmo numa cena em que Sônia fica “presa” do lado de fora de um edifício, batendo no vidro desesperada, enquanto sua amiga (Lilian Lemmertz) fica do lado de dentro. Anteriormente, a amiga de Sônia repetia insistentemente que Sônia fosse para a Argentina, uma referência à situação por que passavam todos os brasileiros que se opusessem ao regime daquela época e cuja alternativa era o exílio.

O filme “conta” a história de uma jovem, Sônia Silk, interpretada por Helena Ignez, - mulher de Rogério e ex-mulher de Glauber Rocha - que sonha ser cantora da Radio Nacional e tem um relacionamento incestuoso com seu irmão, Vidimar, papel de Otoniel Serra, apaixonado pelo patrão. Sônia odeia pobre porque ela mesma é pobre. Ela repete isso várias vezes. Sônia busca seu sonho de cantora apelando para um pai de santo, como faz a maioria dos brasileiros.

Também completando o elenco, Lilian Lemmertz, Guará Rodrigues e Paulo Villaça como o patrão. Ah, o antológico pai de santo Joãozinho da Goméia faz uma ponta interpretando ele mesmo.

A prostituta sonhadora, o malandro-cafetão, o trabalhador-homossexual-passivo, o patrão-homossexual-ativo e o pai de santo-religião, são os personagens que Rogério nos apresenta, como um espelho de uma sociedade explorada, decadente e, o pior, que sem perspectivas de mudança.

A trilha sonora é assinada por Gilberto Gil e pelo próprio Rogério, que aproveita o seu sarcasmo pra fazer uma brincadeira com o seu sobrenome: Sganzerla.

Por fim, este filme é mais um deboche desse grande pensador chamado Rogério Sganzerla, que usou a imagem para falar de suas inquietações e indignações de forma muito particular.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Agora vai! Uma amostra grátis do que vem aí!




























Pessoal, aqui vai um trechinho do livro enquanto não chega o dia 30 de Outubro, a nova data para o seu lançamento. Agora vai!
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"(...) A viagem transcorreu sem maiores atropelos. Somente um pneu furado; a troca do escape, que havia se escangalhado logo nos primeiros 200 km. O que mais me deixou estressado foi a falta de gasolina, num trecho em Minas Gerais. Isso foi o mais difícil, pois me fiei na economia que meu carro fazia. Era um Fiat Pálio. Achei que daria para reabastecer mais alguns quilômetros na frente. Grande erro o meu. Fiquei sem combustível, parado no acostamento de uma rodovia cujo asfalto era apenas uma lembrança do passado. Tive que pegar uma carona com um caminhoneiro que me deixou no posto mais próximo. Conversei com o gerente do posto para ele me levar de volta ao meu carro com a gasolina necessária para retornar ao seu posto. Depois de muita conversa e uma grana extra pelos serviços, o mineiro aquiesceu e partimos no carro dele, um Jeep, até onde o meu carro estava.
Já estava perto de escurecer. No caminho, sentado ao seu lado, vi que ele levava na cintura um revólver. Acho que era um 38. Ele notara que eu havia visto a arma em sua cintura e disse-me com seu sotaque carregado:
– O senhor tem muita sorte, pois praquelas bandas onde tá o seu carro tem muito assalto, sô.
Eu apenas respondi com um:
– Puxa!
Depois disso, ele ficou em silêncio. – Coisas de mineiro! – pensei.
Finalmente, chegamos ao local onde estava o meu carro. Encostamos atrás dele. Descemos. O mineiro, carregando um galão de gasolina e uma mangueira de plástico, e eu, carregando comigo maus pensamentos. O mineiro continuou a conversa tempos depois.
– É uma quadrilha.
– É mesmo? – eu disse tentando entender de que se tratava da continuação de nossa conversa da estrada.
– Eles já deixaram muito defunto espalhado ao longo dessa estrada. Sabia?
– A quadrilha?
– An-ran.
– Puxa, vida! – disse eu engolindo em seco.
Isso ele me contava, enquanto colocava a gasosa pra dentro do tanque do meu carro.
O pior é que eu achei que o mineiro, ao puxar a gasolina pelo cano de plástico, aproveitava pra tomar umas goladas do combustível. É que ele repetia isso a todo instante. Ele notou que eu o observava atentamente.
– Tá sem puxo. – justificou-se.
Acho que era impressão minha. Vai ver tava sem “puxo”, mesmo. Confesso que tremi ao escutar sobre os assaltos e, mais ainda, quando achei que o sujeito fosse parte da tal quadrilha.
– Pronto, chefe. – disse ele.
– Acabou? – perguntei, aliviado.
– Já. Agora é só completar lá no posto.
Ele aproveitou pra acender um cigarro. Eu me apavorei e me afastei dele mais que depressa, achando que o sujeito ao riscar o fósforo iria pros ares levando-me com ele!
– Êta, o que foi, o moço não gosta de cigarro? – perguntou ele na maior tranquilidade, segurando o palito aceso na mão.
Eu já estava na direção do meu carro pronto para cair fora antes que o maluco pusesse fogo em nós dois.
Finalmente, saímos dali. Chegamos ao posto, enchi o tanque, paguei a gasosa e a gorjeta e me mandei o mais rápido que pude, com medo de que o sujeitinho fosse o chefe dos bandidos e resolvesse explodir o posto.(...)"

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Deu Rio de Janeiro. Deu Brasil!





















Deu Rio de Janeiro. Torci como se fosse uma final de copa do mundo. Estou feliz porque o Brasil nesses últimos anos nunca esteve tão em alta como agora. Parabéns àqueles que verdadeiramente amam este país. E pensar que tem gente que torce contra. Que vão todos pra...Chicago, por exemplo.

Viva nós! Viva todo o povo do Brasil!

domingo, 27 de setembro de 2009

As-salaamu aleikum, Salim Miguel!


Na terça passada, dia 23 de Setembro, Salim fez uma pequena palestra no hall da biblioteca da Univali, durante as festividades em comemoração dos 45 anos de Ensino Superior em Itajaí, no 5º Festival Cultural. Tive a imensa satisfação em encontrar com o escritor.

Pela importância do palestrante, achei que havia pouca gente. Uma pena, pois a prosa foi muito agradável e, também, muito elucidativa.

Salim nos cativou com aquele seu jeito de mascate árabe. O grande escritor nos brindou com alguns causos e alguns pontos importantes, que deviam orientar todos nós, que escrevemos histórias. Por exemplo, como cativar a atenção do leitor.

O premiado escritor nos deu uma aula de como se pode ser famoso sem perder a gentileza e a humildade, atendendo cada um que solicitava seu autógrafo, com muita paciência e simpatia, atitudes que faltam a muitos “famosos” por aí.

Muito me agradou que ele tivesse me reconhecido quando fui lhe pedir para autografar o seu “Nur na escuridão”. Tempos atrás, Salim fez algumas considerações sobre meu primeiro livro, O Suicida, e sobre alguns contos, que me ajudaram a melhorar os referidos escritos.

Eu tive a honra de conhecer Salim Miguel e Eglê Malheiros, sua mulher e grande roteirista, em 2004, durante o Catarina Festival de Documentário. Foi durante a noite de premiação do festival, acontecida no auditório que funcionava dentro das instalações do Auto-Cine de Balneário Camboriú. Só à guisa de esclarecimento, o Catarina era promovido pela Araucária Produções, produtora do Paraná capitaneada por Cloris Ferreira.

Naquela ocasião, estávamos, eu e o meu amigo Cesar Cavalcanti, cineasta alagoano há muito tempo radicado em Florianópolis, comandando a pré-seleção dos documentários que iriam participar daquela edição do festival.

Voltando ao evento da Univali, quero parabenizar os organizadores do encontro, por ter nos dado a oportunidade de ter desfrutado por mais ou menos 40 minutos, da agradável presença desse boa-praça que é o sadiqi Salim Miguel. Que Allah lhe dê mais dias de vida e muita saúde para continuar prosando com todos nós sobre a vida e a literatura.

As-salaamu aleikum, Salim Miguel!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Um brinde ao meu amigo Harvey!




















Ontem, domingo, resolvi zapear pela TV a cabo e dei de cara com “Meu amigo Harvey” , ou apenas “Harvey” no original em Inglês.

O filme estrelado por James Stewart e dirigido por Henry Koster (Anjo Caído do Céu; O Galante Vagabundo), foi baseado na peça “Harvey” de Mary Chase, peça que ganhou o Prêmio Politzer; Mary Chase também escreveu o roteiro em parceria com Oscar Brodney.

O filme fala, de modo bem humorado, da bondade e da mesquinhez humana e, é claro, de alcoolismo, este último de uma forma bem disfarçada, a meu ver.

O desempenho de James Stewart na pele de Elwood P. Dowd é simplesmente magistral. Ele foi indicado ao Oscar por esse trabalho.

Elwood tem um amigo imaginário, Harvey, um coelho de 1 metro e 80 - quem sabe derivado de sua alucinação etílica. Elwood (Stewart) atua tão convincentemente que parece mesmo que existe o tal amigo Harvey, o coelho. Isso serve tanto para os outros personagens da trama, que passam a acreditar que o tal coelho existe mesmo, como para nós, espectadores, que vemos Stewart dar um show de interpretação.

Incomodada pela condição do irmão – leia-se aí o alcoolismo disfarçado por uma aparente perturbação mental do personagem Elwood, Veta, interpretada pela também incrível Josephine Hull, resolve interná-lo numa clínica psiquiátrica, mas as suas reclamações contra as atitudes excêntricas de seu irmão levam o médico responsável a crer que é ela, Veta, quem anda com os parafusos soltos e a ordenar que a internem e liberem Elwood. Daí, mais confusões e desencontros de informações ocorrem, nos levando ao encontro de bem humorados momentos. O filme é muito bem dirigido por Koster, que já havia filmado outros bons trabalhos, como Anjo Caído do Céu, com Cary Grant, por exemplo.

Harvey, sem dúvida nenhuma, deve ser uma grande peça de teatro, que poderia muito bem ser revisitada por algum dramaturgo brasileiro, pois tem muito a oferecer como espetáculo. Ah, a propósito, andam falando que Steven Spielberg está se preparando para filmar essa história. Tomara.

Me lembrei de parte de uma fala do personagem Elwood, que achei uma pérola. Ele confessa para o psiquiatra e sua bela assistente, que eles, Elwood e Harvey, costumavam beber uns tragos pelos bares, onde encontravam gente de todo o tipo e que eram pessoas gentis para com os dois. Elwood continua dizendo que essas pessoas discutiam seus problemas, suas alegrias e, sobretudo, discutiam acerca das coisas importantes de suas vidas, enfatizando:
“All very large, because nobody ever brings anything small into a bar.”

Quem quiser assistir ao filme, é só ir no Cine Cubancheiro, aqui do lado direito.
Quem quiser ler o roteiro (em Inglês) aqui está o link:
http://sfy.ru/sfy.html?script=harvey

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Deodoro: mais uma vítima do descaso


Acabei de ler uma matéria informando que o Teatro Deodoro, de Maceió, AL, corre o risco de ainda estar fechado quando comemorar seus 100 anos.
O velho teatro fechou para reformas em Janeiro de 2008 e, segundo a reportagem, a Diretoria dos Teatros de Alagoas informou que as obras estariam terminadas ainda no primeiro semestre de 2010. Contudo, os artistas alagoanos acham que se trata apenas de mais uma promessa vazia, por parte do poder público.
Os artistas alagoanos parecem ressabiados, pois a última reforma deixou o teatro fechado por 10 anos (1988-1998). Só à guisa de informação: o Teatro Deodoro foi fundado em 15 de Novembro de 1910. A inauguração foi uma homenagem aos 21 anos da proclamação da república e, por conseguinte, o teatro levou o nome de quem a proclamou: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892). O belo teatro, no estilo neoclássico com reflexos de barroco, foi projetado pelo arquiteto italiano Luiz Lucariny e se destaca pomposo em frente à Praça Deodoro.
Recordo que, em meados de 2002, estive naquele teatro quando do festival internacional de teatro, promovido e organizado pela Duetus Produções, empresa de promoções de meus queridos sobrinhos, Juca Costa e Deinha Galindo.
Diante deste fato, penso ser lamentável que nossos patrimônios históricos continuem vítimas do descaso por parte dos políticos de plantão neste país, leia-se, burocracia. Aliás, “burrocracia”, pois ela é um cancro burro - herdado dos portugueses – um dos maiores responsáveis pela corrupção nas repartições públicas do Brasil.
Aqui em Itajaí, por exemplo, temos um caso bem típico, da falta de atenção do poder público ao patrimônio histórico local: a Casa da Cultura Dide Brandão. Os itajaienses ainda não sabem quando serão iniciadas as reformas, nem muito menos quando elas terminarão nesse espaço cultural tão importante para a cidade... Para não falar de outros exemplos, que foram destruídos na calada da noite, em nome do progresso, na cidade peixeira.
Quanto ao Teatro Deodoro, quero externar, aqui, a minha solidariedade a todos os alagoanos, principalmente, aos artistas daquele estado, como também, e por que não, a todos os artistas brasileiros. Conclamo a todos que façam pressão nas assembléias junto aos políticos, para agilizarem a liberação de todas as obras que se encontram nas mesmas condições que o Teatro Deodoro. Aqui em Itajaí, para começá-las, na Casa de Cultura Dide Brandão e lá em Maceió, para terminá-las, no Teatro Deodoro.
Que o bom senso e o espírito de brasilidade tomem conta das mentes dos responsáveis pelas obras de reforma do velho teatro alagoano, orgulho de Alagoas e do Brasil.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Rosario, La Dinamitera





























ROSARIO, DINAMITERA

por Miguel Hernández

Rosario, dinamitera
Rosario, dinamitera,
sobre tu mano bonita
celaba la dinamita
sus atributos de fiera

Nadie al mirarla creyera
que había en su corazón
una desesperación,
de cristales, de metralla
ansiosa de una batalla,
sedienta de una explosión.

Era tu mano derecha,
capaz de fundir leones,
la flor de las municiones
y el anhelo de la mecha.

Rosario, buena cosecha,
alta como un campanario
sembrabas al adversario
de dinamita furiosa
y era tu mano una rosa
enfurecida, Rosario.

Buitrago ha sido testigo
de la condición de rayo
de las hazañas que callo
y de la mano que digo.

¡Bien conoció el enemigo
la mano de esta doncella,
que hoy no es mano porque de ella,
que ni un solo dedo agita,
se prendó la dinamita
y la convirtió en estrella!

Rosario, dinamitera,
puedes ser varón y eresl
a nata de las mujeres,
la espuma de la trinchera.

Digna como una bandera
de triunfos y resplandores,
dinamiteros pastores,
vedla agitando su aliento
y dad las bombas al viento
del alma de los traidores.

Poesia escrita por Miguel Hernández em 1937, inspirada na história e experiência de uma jovem miliciana Rosario Sánchez Mora, La Dinamitera, na frente de combate contra os militares fascistas que avançavam sobre Madrid para derrubar a República espanhola.

Rosario Sánchez Mora, conhecida como La Dinamitera, (Villarejo de Salvanés, 21 de abril de 1919 - Madrid, 17 de abril de 2008), miliciana espanhola da Guerra Civil, e que se tornou célebre por ser citada pelo poeta Miguel Hernández em «Rosario, dinamitera» acaba de morrer em Madrid, tendo sido acompanhada até à sua última casa por muitos anti-fascistas.


Ah, este material me foi enviado pelo meu amigo Guido Bianchi, a quem agradeço agora a lembrança.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Filosofando geral!


"Caros colegas, amanhã (31/08) voltamos a nos reunir a partir das 21:15h para dar seguimento à nossa discussão sobre A filosofia na idade trágica dos gregos. Já passamos pelas considerações de Nietzsche acerca de Tales, Anaximandro, Heráclito, Parmênides, e agora nos resta Anaxágoras (a partir do tópico XIV)Então, espero encontrá-los amanhã a noite lá no mercado velho para mais uma conversa entusiasmada."
Abraços,
Miguel Angel Rodriguez

sábado, 29 de agosto de 2009

Que gaivota sacana!


QUE GAIVOTA SACANA!

Estava eu a ver navios à beira da foz do rio, quando uma gaivota voou sobre minha cabeça e meu olhar a acompanhou, interessado, deixando de lado os navios.

Seu vôo era suave, plácido, silencioso. Nesse momento, lembrei Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach, livro dos tempos idos de minha saudosa juventude.

Num movimento repentino e ascendente, ela subiu, subiu e depois desceu, e, mais uma vez, pairou sobre as águas. Planou suave até ficar estática, aproveitando uma corrente de ar quente. Não demorou, a gaivota voltou a subir, batendo suas asas sincronicamente. Subiu mais ainda que da outra vez. Então, mirando as águas, ela contorceu-se, juntou suas asas ao corpo e num mergulho quase suicida, a gaivota desceu, desceu, desceu tão ligeira que mais parecia uma flecha lançada por um arco forte e robusto. Seu corpo comprimido cortou o ar como uma lâmina de aço afiada e acertou em cheio a água. Lá se foi ela água a dentro. Ela afundou, e eu não a vi mais! Esperei, esperei mais um pouco ainda, na esperança de vê-la retornar, mas nada. Nada da gaivota voltar. Minha atenção voltou-se, então, pros navios que continuavam ao largo. Imóveis, mortos, gigantes de ferro sem vida a balouçar no vai e vem das ondas.

Foi então que, num arroubo de ousadia, a gaivota veio à tona. Viva como nunca. Ela subiu aos céus como um míssil, respingando água por todas as suas penas. Vitoriosa. Soberba. A gaivota subiu, abocanhando um peixe, cujas escamas, tal qual uma jóia, resplandeciam com a luz do sol, que logo pretendia esconder-se. Sorri, não por ela, ou por sua demonstração de destreza, mas por sua ousadia de, ao emergir, com seu alimento, dar um rasante sobre a minha cabeça, deixando-me acuado por uns instantes.

Não sei se ouvi direito, ou se foi o barulho do vento, misturado as ondas batendo no trapiche, mas eu podia jurar ter escutado a gaivota gargalhar. Pra, logo em seguida, a atrevida ave, vir a cagar-me a cabeça. Voou ela, faceira, na direção dos navios e deles passou. Ainda teve tempo, a danada, de olhar-me todo vexado e sujo a resmungar: “Que gaivota sacana!”

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Aniversário de Borges


Se vivo fosse, Jorge Luís Borges estaria complentando hoje, dia 24 de Agosto de 2009, 110 aninhos. Aqui está um trecho de "Evaristo Carriego" obra sua de 1930.

(...) No poente, ficava a pobreza gringa do bairro, sua nudez. O termo las orillas ajusta-se com sobrenatural precisão a esses pontais escassos, em que a terra assume a indeterminação do mar e parece digna de ilustrar a insinuação de Shakespeare: "A terra tem borbulhas, como as tem a água".
No poente, havia becos empoeirados que se iam empobrecendo pela tarde afora; havia lugares em que um galpão da estrada de ferro ou um vazio com pitas, ou uma brisa quase confidencial, inaugurava mal e mal o pampa. Ou, então, uma dessas casas baixo-tas sem reboco, de janela baixa, com grade – às vezes com uma amarela esteira atrás, com figuras – que a solidão de Buenos Aires parece criar, sem participação humana visível. Depois: o Maldonado, ressequido e amarelo leito, estirando-se sem destino desde La Chacarita e que, por milagre espantoso, passava de morto de sede às desmedidas extensões de água violenta, que carregavam furtivamente a rancharia moribunda das margens. Há uns cinqüenta anos, depois desse irregular leito ou morte, começava o céu: um céu de relinchos e crinas e pasto doce, um céu cavalar, os happy hunting-grounds preguiçosos das cavalhadas eméritas da polícia. Para o lado do Maldonado, tornava-se escassa a gentalha nativa, substituída pelo calabrês, gente com quem ninguém queria meter-se, pela perigosa boa lembrança de seu rancor, por suas punhaladas traiçoeiras iniludíveis. Aí Palermo entristecia, pois os trilhos de ferro do Pacífico bordejavam o arroio, descarregando essa peculiar tristeza das coisas escravizadas e grandes, das barreiras altas como varal de carroça em descanso, dos verticais terrenos aplainados e das plataformas. Uma fronteira de fumaça trabalhadora, uma fronteira de vagões rudes em movimento fechava esse lado; atrás, crescia ou emperrava o arroio. Estão encarcerando-o agora: esse quase infinito flanco de solidão que até bem pouco se acavernava, atrás da casa de doces e de truco La Paloma, será substituído por uma rua atrevida, de telhas do tipo inglês. Do Maldonado, não restará senão nossa lembrança, elevada e solitária, e a melhor tragicomédia popular argentina, e os dois tangos que se chamam assim – um primitivo, atualidade que não se preocupa, mera marcação da dança, ocasião de arriscar-se nos requebros; outro, um doloroso tangocanção, ao estilo da Boca – e algum clichê apoucado que não facilitará o essencial, a impressão de espaço, e uma equivocada outra vida, na imaginação dos que não o viveram. Ao imaginá-lo, não creio que o Maldonado fosse diferente de outros locais muito pobres, mas a idéia de sua gentalha, excedendo-se em esfarrapados bordéis, à sombra da inundação e do fim, imperava na imaginação popular. Assim, na hábil tragicomédia local que mencionei, o arroio não é um gasto pano de fundo: é uma presença muito mais importante do que o mulato Nava e que a china Dominga e que o Títere. (A ponte Alsina, com seu ainda não cicatrizado passado pendenciador e sua memória da grande ação patriótica dos oitenta, desbancou-o na mitologia de Buenos Aires. No que se refere à realidade, é fácil observar que os bairros mais pobres costumam ser os mais rebaixados e que neles floresce uma assustada decência.) Do lado do arroio, zarpavam as tormentas altas de terra que toldavam o dia, e o ataque de ar do pampeiro, golpeando todas as portas voltadas para o sul e que deixavam no vestíbulo uma flor de cardo, e a arrasadora nuvem de gafanhotos, que as pessoas tentavam espantar aos gritos,3 e a solidão e a chuva. Gosto de pó tinha esse bairro.
Na direção da água traiçoeira do rio, próximo ao bosque, o bairro tornava-se cruel. A primeira construção desse pontal foi a dos matadouros do Norte, que ocuparam umas dezoito quadras, entre as futuras ruas Anchorena, Las Heras, Áustria e Beruti, e agora sem mais vestígio verbal que o nome La Tablada, que ouvi de um carroceiro, ignorante de sua antiga justificativa. Tenho induzido o leitor a imaginar esse dilatado recinto de muitas quadras, e embora os currais tenham desaparecido nos setenta, a figura é típica do lugar, atravessado sempre por propriedades – o cemitério, o hospital Rivadávia, o presídio, o mercado, o barracão municipal, o atual lanifício, a cervejaria, a chácara de Hale –, com a pobreza de surrados destinos ao redor. Essa chácara era por duas razões mencionada: pelos pereirais que a garotada do bairro saqueava com clandestinos ataques e pela aparição que visitava os lados da rua Agüero, reclinada na haste de um lampião a cabeça impossível. Porque, aos verdadeiros perigos de um compadrio de facão e soberba, tinha-se que acrescentar os fantásticos de uma mitologia foragida; a viúva e o estapafúrdio porco de lata, sórdidos como o baixo mundo, foram as mais temidas criaturas dessa religião de escória. Antes tinha sido uma queimada esse norte: é natural que gravitassem em seus ares lixos de almas. Restam esquinas pobres que se não desabam é porque as sustentam ainda os compadritos mortos.
Descendo pela rua de Chavango (depois Las Heras), o último botequim do caminho era La Primem Luz, nome que, apesar de aludir a seus madrugadores hábitos, deixa impressão – correta – de cegas ruas, atascadas, sem ninguém, e por fim, nas cansadas curvas, uma humana luz de armazém. Entre os fundos do cemitério avermelhado do Norte e os da Penitenciária, ia-se levantando do pó um subúrbio achatado e despedaçado, sem rebocar: sua notória denominação, a Terra do Fogo. Escombros dos primórdios, esquinas de agressividade ou de solidão, homens furtivos que
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3 Destruí-los era coisa de hereges, porque levavam o sinal da cruz: marca de sua emissão e repartição
especiais por parte do Senhor.


se chamam assobiando e que se dispersam de repente na noite lateral dos becos, designavam seu caráter. O bairro era uma esquina final. Uma corja a cavalo, corja de sombreiro pontudo como mitra sobre os olhos e com a acaipirada bombacha, sustentava por inércia ou por impulso uma guerra de
duelos individuais com a polícia. A lâmina do valentão suburbano, sem ser tão longa – era luxo de corajosos usá-la curta –, era de melhor tempera que a do sabre adquirido pelo Estado, vale dizer, com predileção pelo custo mais alto e pelo pior material. Era manejada por um braço com mais vontade
de derrubar, melhor conhecedor dos rumos instantâneos do entrevero. Só pela virtude da rima, sobreviveu ao desgaste de quarenta anos um instante desse impulso:
Fique longe, eu lhe rogo,
que sou da Terra do Jogo.4
Não só de lutas; essa fronteira era feita de guitarras também. Escrevo esses recuperados fatos, e me atrai com aparente arbitrariedade o agradecido verso de Home-thoughts: "Here and here did England help me", que Browning escreveu pensando em uma abnegação sobre o mar e no alto navio torneado como um bispo do xadrez em que Nelson caiu, e que repetido por mim – traduzido também o nome da pátria, pois para Browning não era menos próximo o de sua Inglaterra – serve-me como símbolo de noites solitárias, de caminhadas extasiadas e eternas pela infinitude dos bairros. Porque Buenos Aires é profunda, e nunca, na desilusão ou no penar, abandonei-me a suas ruas sem receber inesperado consolo, seja por sentir irrealidade, seja pelas guitarras ao fundo de um pátio, seja pelo roçar de vidas. "Here and here did England help me", aqui e aqui veio me ajudar Buenos Aires. Essa razão é uma das razões por que resolvi compor este primeiro capítulo. (...)
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