domingo, 27 de setembro de 2009

As-salaamu aleikum, Salim Miguel!


Na terça passada, dia 23 de Setembro, Salim fez uma pequena palestra no hall da biblioteca da Univali, durante as festividades em comemoração dos 45 anos de Ensino Superior em Itajaí, no 5º Festival Cultural. Tive a imensa satisfação em encontrar com o escritor.

Pela importância do palestrante, achei que havia pouca gente. Uma pena, pois a prosa foi muito agradável e, também, muito elucidativa.

Salim nos cativou com aquele seu jeito de mascate árabe. O grande escritor nos brindou com alguns causos e alguns pontos importantes, que deviam orientar todos nós, que escrevemos histórias. Por exemplo, como cativar a atenção do leitor.

O premiado escritor nos deu uma aula de como se pode ser famoso sem perder a gentileza e a humildade, atendendo cada um que solicitava seu autógrafo, com muita paciência e simpatia, atitudes que faltam a muitos “famosos” por aí.

Muito me agradou que ele tivesse me reconhecido quando fui lhe pedir para autografar o seu “Nur na escuridão”. Tempos atrás, Salim fez algumas considerações sobre meu primeiro livro, O Suicida, e sobre alguns contos, que me ajudaram a melhorar os referidos escritos.

Eu tive a honra de conhecer Salim Miguel e Eglê Malheiros, sua mulher e grande roteirista, em 2004, durante o Catarina Festival de Documentário. Foi durante a noite de premiação do festival, acontecida no auditório que funcionava dentro das instalações do Auto-Cine de Balneário Camboriú. Só à guisa de esclarecimento, o Catarina era promovido pela Araucária Produções, produtora do Paraná capitaneada por Cloris Ferreira.

Naquela ocasião, estávamos, eu e o meu amigo Cesar Cavalcanti, cineasta alagoano há muito tempo radicado em Florianópolis, comandando a pré-seleção dos documentários que iriam participar daquela edição do festival.

Voltando ao evento da Univali, quero parabenizar os organizadores do encontro, por ter nos dado a oportunidade de ter desfrutado por mais ou menos 40 minutos, da agradável presença desse boa-praça que é o sadiqi Salim Miguel. Que Allah lhe dê mais dias de vida e muita saúde para continuar prosando com todos nós sobre a vida e a literatura.

As-salaamu aleikum, Salim Miguel!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Um brinde ao meu amigo Harvey!




















Ontem, domingo, resolvi zapear pela TV a cabo e dei de cara com “Meu amigo Harvey” , ou apenas “Harvey” no original em Inglês.

O filme estrelado por James Stewart e dirigido por Henry Koster (Anjo Caído do Céu; O Galante Vagabundo), foi baseado na peça “Harvey” de Mary Chase, peça que ganhou o Prêmio Politzer; Mary Chase também escreveu o roteiro em parceria com Oscar Brodney.

O filme fala, de modo bem humorado, da bondade e da mesquinhez humana e, é claro, de alcoolismo, este último de uma forma bem disfarçada, a meu ver.

O desempenho de James Stewart na pele de Elwood P. Dowd é simplesmente magistral. Ele foi indicado ao Oscar por esse trabalho.

Elwood tem um amigo imaginário, Harvey, um coelho de 1 metro e 80 - quem sabe derivado de sua alucinação etílica. Elwood (Stewart) atua tão convincentemente que parece mesmo que existe o tal amigo Harvey, o coelho. Isso serve tanto para os outros personagens da trama, que passam a acreditar que o tal coelho existe mesmo, como para nós, espectadores, que vemos Stewart dar um show de interpretação.

Incomodada pela condição do irmão – leia-se aí o alcoolismo disfarçado por uma aparente perturbação mental do personagem Elwood, Veta, interpretada pela também incrível Josephine Hull, resolve interná-lo numa clínica psiquiátrica, mas as suas reclamações contra as atitudes excêntricas de seu irmão levam o médico responsável a crer que é ela, Veta, quem anda com os parafusos soltos e a ordenar que a internem e liberem Elwood. Daí, mais confusões e desencontros de informações ocorrem, nos levando ao encontro de bem humorados momentos. O filme é muito bem dirigido por Koster, que já havia filmado outros bons trabalhos, como Anjo Caído do Céu, com Cary Grant, por exemplo.

Harvey, sem dúvida nenhuma, deve ser uma grande peça de teatro, que poderia muito bem ser revisitada por algum dramaturgo brasileiro, pois tem muito a oferecer como espetáculo. Ah, a propósito, andam falando que Steven Spielberg está se preparando para filmar essa história. Tomara.

Me lembrei de parte de uma fala do personagem Elwood, que achei uma pérola. Ele confessa para o psiquiatra e sua bela assistente, que eles, Elwood e Harvey, costumavam beber uns tragos pelos bares, onde encontravam gente de todo o tipo e que eram pessoas gentis para com os dois. Elwood continua dizendo que essas pessoas discutiam seus problemas, suas alegrias e, sobretudo, discutiam acerca das coisas importantes de suas vidas, enfatizando:
“All very large, because nobody ever brings anything small into a bar.”

Quem quiser assistir ao filme, é só ir no Cine Cubancheiro, aqui do lado direito.
Quem quiser ler o roteiro (em Inglês) aqui está o link:
http://sfy.ru/sfy.html?script=harvey

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Deodoro: mais uma vítima do descaso


Acabei de ler uma matéria informando que o Teatro Deodoro, de Maceió, AL, corre o risco de ainda estar fechado quando comemorar seus 100 anos.
O velho teatro fechou para reformas em Janeiro de 2008 e, segundo a reportagem, a Diretoria dos Teatros de Alagoas informou que as obras estariam terminadas ainda no primeiro semestre de 2010. Contudo, os artistas alagoanos acham que se trata apenas de mais uma promessa vazia, por parte do poder público.
Os artistas alagoanos parecem ressabiados, pois a última reforma deixou o teatro fechado por 10 anos (1988-1998). Só à guisa de informação: o Teatro Deodoro foi fundado em 15 de Novembro de 1910. A inauguração foi uma homenagem aos 21 anos da proclamação da república e, por conseguinte, o teatro levou o nome de quem a proclamou: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892). O belo teatro, no estilo neoclássico com reflexos de barroco, foi projetado pelo arquiteto italiano Luiz Lucariny e se destaca pomposo em frente à Praça Deodoro.
Recordo que, em meados de 2002, estive naquele teatro quando do festival internacional de teatro, promovido e organizado pela Duetus Produções, empresa de promoções de meus queridos sobrinhos, Juca Costa e Deinha Galindo.
Diante deste fato, penso ser lamentável que nossos patrimônios históricos continuem vítimas do descaso por parte dos políticos de plantão neste país, leia-se, burocracia. Aliás, “burrocracia”, pois ela é um cancro burro - herdado dos portugueses – um dos maiores responsáveis pela corrupção nas repartições públicas do Brasil.
Aqui em Itajaí, por exemplo, temos um caso bem típico, da falta de atenção do poder público ao patrimônio histórico local: a Casa da Cultura Dide Brandão. Os itajaienses ainda não sabem quando serão iniciadas as reformas, nem muito menos quando elas terminarão nesse espaço cultural tão importante para a cidade... Para não falar de outros exemplos, que foram destruídos na calada da noite, em nome do progresso, na cidade peixeira.
Quanto ao Teatro Deodoro, quero externar, aqui, a minha solidariedade a todos os alagoanos, principalmente, aos artistas daquele estado, como também, e por que não, a todos os artistas brasileiros. Conclamo a todos que façam pressão nas assembléias junto aos políticos, para agilizarem a liberação de todas as obras que se encontram nas mesmas condições que o Teatro Deodoro. Aqui em Itajaí, para começá-las, na Casa de Cultura Dide Brandão e lá em Maceió, para terminá-las, no Teatro Deodoro.
Que o bom senso e o espírito de brasilidade tomem conta das mentes dos responsáveis pelas obras de reforma do velho teatro alagoano, orgulho de Alagoas e do Brasil.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Rosario, La Dinamitera





























ROSARIO, DINAMITERA

por Miguel Hernández

Rosario, dinamitera
Rosario, dinamitera,
sobre tu mano bonita
celaba la dinamita
sus atributos de fiera

Nadie al mirarla creyera
que había en su corazón
una desesperación,
de cristales, de metralla
ansiosa de una batalla,
sedienta de una explosión.

Era tu mano derecha,
capaz de fundir leones,
la flor de las municiones
y el anhelo de la mecha.

Rosario, buena cosecha,
alta como un campanario
sembrabas al adversario
de dinamita furiosa
y era tu mano una rosa
enfurecida, Rosario.

Buitrago ha sido testigo
de la condición de rayo
de las hazañas que callo
y de la mano que digo.

¡Bien conoció el enemigo
la mano de esta doncella,
que hoy no es mano porque de ella,
que ni un solo dedo agita,
se prendó la dinamita
y la convirtió en estrella!

Rosario, dinamitera,
puedes ser varón y eresl
a nata de las mujeres,
la espuma de la trinchera.

Digna como una bandera
de triunfos y resplandores,
dinamiteros pastores,
vedla agitando su aliento
y dad las bombas al viento
del alma de los traidores.

Poesia escrita por Miguel Hernández em 1937, inspirada na história e experiência de uma jovem miliciana Rosario Sánchez Mora, La Dinamitera, na frente de combate contra os militares fascistas que avançavam sobre Madrid para derrubar a República espanhola.

Rosario Sánchez Mora, conhecida como La Dinamitera, (Villarejo de Salvanés, 21 de abril de 1919 - Madrid, 17 de abril de 2008), miliciana espanhola da Guerra Civil, e que se tornou célebre por ser citada pelo poeta Miguel Hernández em «Rosario, dinamitera» acaba de morrer em Madrid, tendo sido acompanhada até à sua última casa por muitos anti-fascistas.


Ah, este material me foi enviado pelo meu amigo Guido Bianchi, a quem agradeço agora a lembrança.