domingo, 29 de março de 2009

Calúnia Social




CALÚNIA SOCIAL
Por Dalminho Alvares da Hora Serpa

* Nasceu o filho do famoso chefe da boca do morro da Carrocinha, Duca. O pequeno, bastardo se chamará Duca Junior. O raquítico baby, que foi batizado em meio a um grande tiroteio por nada mais nada menos do que o dono da Barraca de Espetinho, o empreendedor e pastor Mané do Gato. Os padrinhos, Dorico e Nalvinha, dupla procuradíssima pela justiça, deram de presente pro afilhado, dois quilos de mocotó, duas jacas moles e uma garrafa de cachaça e um par de tenis importados, roubados, é claro. Ma-ra-! Depois da cerimônia e recolhidos os corpos, a cachaça rolou solta até tarde. Joinha, joinha!

* Se amigaram neste meio de semana, Coisinha Feia e Janete da Pá Virada. Os nubentes foram recepcionados com uma salva de tiros pelo pessoal dos pontos de venda que também foi responsável pelo cerimonial. Várias personalidades do crime estiveram presentes a festa. Fazendo inveja, o casal Arninho do Cavaco e Nitinha; ela vestindo um pra lá de chiquíssimo modelito by Dona Duca de Seu Nado. Ele, com um bermudão, camiseta boné by Maria DasLuz. Estiveram presentes também, Mandinho Beira Rio, que veio especialmente da penitenciária de segurança máxima, para prestigiar, dizem, a amigação do ano. Beira Rio foi o padrinho do “nobio”. Ele mandou entregar e distribuir para os convidados, farta quantidade de maconha importada. A festa foi um luxo total. Impecável!

* O Empresário do Beco da Covinha, Gabriel do Porco, aniversariou este fim de semana. Do Porco, recepcionou seus convidados com farta distribuição de entorpecentes. Foram servidas de entrada, trouxinhas de crack; o prato principal foi Coca no Espelho. Tudo no maior rigor de uma festa sem igual. Do Porco aproveitou para mostrar o seu novo moquifo. A decoração levou a assinatura de Seu Pintinho do Cimento o pedreiro mais badalado do pedaço. Um luxo só!

* Uma grande festa rolou no sábado no puxado de Valdemar Loucão. Só deu gente desdentada. O máximo! O pessoal da boca esteve em peso, apesar de algumas chateações com o pessoal do BOP, que tentou azucrinar a vida de todos, mandando bala para tudo que é lado. O cessar fogo terminou com uma bebedeira e muito pó, por parte dos convidados de Loucão. A grande atração da noite foi a apresentação de Garnisé e a Mulher Rapadura, responsáveis pelo rap, que, aliás, rolou solto madrugada adentro. Nota: as barangas do pedaço rebolaram e deram adoidado, sem restrições. Lindas!

* Quem está de prisão marcada é o nosso querido Chico Migalha. Ele ficará fora por uns 10 anos, mas todos nós sabemos que ele não fica 2 com uma ajudinha do pessoal da toga! Com tudo já preparado, ele embarca num Camburão e ficará hospedado no Grande Cadeião de Segurança Máxima da Quintela. Olha, Migalha, todos nós o aguardamos de volta, ansiosos, querido! Um detalhe: sempre que Migalha passa muito tempo fora, ele volta com muitas novidades e sempre presenteando todo mundo; ano passado ele deu uma camionete importada ao delegado, que por ser muito discreto não quis aparecer nem comentar sobre o fato. Migalha é mesmo o maior “tycoon do pó” da city! Uau!

* Finalmente, esta semana, será inaugurada a barraca de Nadinho. Que será o ponto de tráfico mais chique da cidade. Nadinho é mesmo um grande empresário das drogas. Dizem que ele pretende se candidatar ano que vem, mas ele nega, - “não estou a altura da política brasileira ainda”, comenta. Humilde como sempre, esse Nadinho. Claro que ele tem todo o perfil do nosso político! Vamos com Nadinho em 2010, gentêm!

Bom, por hora é só e como dizia um grande calunialista famoso: em sociedade tudo se sabe e todos se abrem! Au revoir mes chers amis!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Lançamento Literário



LANÇAMENTO LITERÁRIO

Terça - às 20 horas, na Livraria Letras Muito Condensadas, o lançamento de “Cagando e andando pelas ruas de Madri” – escrita magistral do famoso escritor portenho Armando Hernandez Laña D’ Vicunha, que viveu sua infância em “las calles” de Buenos Aires, pobre e faminto, juntamente com o seu camundongo amestrado Menenzito, que, dizem, lhe ditou muitos de seus textos. A tradução para o português ficou a cargo de Anselmo Telminha, que tem no currículo outras grandes traduções, como por exemplo: de Grant M. Hierda,
“Stop before falling into the dark hole”, em português “Sifu no escuro”.

Armando escreveu seu primeiro sucesso “Vida de Mierda” em plena guerra das Malvinas, onde batalhou, por conta própria, contra os ingleses invasores. Nesse período, ele ficou depressivo com a morte de seu ratinho Menenzito depois de uma escaramuça, quando o pequeno roedor foi chamuscado até a morte por um lança chama, britânico.

Armando lança agora outro sucesso em meio a discussões acaloradas dos críticos, não só em sua terra, como em terras brasileiras, que, dizem, ser esse o maior livro das Américas de 2008. Esse novo trabalho, conta a história de Bartolo Pan Vigno e Quezo, um argentino anarquista que na juventude saiu de Bueno Aires para Madri com um só intuito: matar o Generalíssimo Franco, mas que resolveu na última hora fugir com a camareira do ditador espanhol, Anita Bigualdi. Bartolo e Anita se refugiaram em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Sem ninguém para lhe ajudar a contar sua incrível história e toda a grana que roubou dos cofres do general, assim como duas bonecas de porcelanas chinesas que o ditador adorava ninar antes de dormir, Bartolo viveria até morrer em 2004, 5 anos depois de Anita, que foi atropelada ao atravessar a BR 101, rodovia que passa ao largo da cidade balneária.

Armando ainda escreveu “Memórias de um filho sem pátria e sem mãe adotiva para lhe dá muita porrada”, baseado na vida de outro marco da política latino-americana, o General Pinochet. “Cagando e andando pelas ruas de Madri” - Editora Matança Literária - Papel reciclado – 1.956 páginas –, R$ 387, 00 (pode pagar no cartão sem juros ou em 12 vezes de R$32,25).

quarta-feira, 25 de março de 2009

Quinta Patética, o encontro do mês!



QUINTA PATÉTICA

Encontro sem importância nenhuma, vale salientar. Orientado pelo mais idiota dos idiotas, o professor afastado por bater na mulher, no cachorro, na mãe, na sogra e no passarinho do vizinho, Carmelo Kharinho. Poeta medíocre e escritor anódino, conhecido pelas suas pérolas tais como:“A vida importa para quem só está vivo e bulindo” ou “Quem não sabe fica sabendo na marra!”.

A abertura do evento de merda ficará a cargo da vadia de descendência desconhecida, Vanunha Valexpress, que, não só abrirá o evento, mas também as perninhas magras para todos, como sempre faz depois de alguns goles de vodka nesse tipo de encontro.

Serão discutidos temas que na verdade não servem para porra nenhuma. O primeiro convidado a debater será o pensador e bêbado russo, Vlasco Vaziosk, que será ventríloquolado pelo pseudo-analista, Demente Laico, que dizem, já esteve detido num dos maiores manicômios da Itália.

O segundo palestrante, se a bebida deixar, o chicano, Caio Maxnomuerro, falará acerca da importância das fezes na beirada do anus, após uma longa diarréia e suas conseqüências desagradáveis.

E, finalizando o encontro mais imbecil de todos os tempos; a palestra mais esperada e dedicada aos jovens estudantes fumadores de marijuana e crak. Falará aos jovens, o renomado traficante “de influencia”, Uno Tapas, que explanará sobre os efeitos devastadores da honestidade nas vidas dos homens nada corretos da America Latina e Caribe.

A Quinta Patética se encerrará com um coquetel e “comesmuié, acompanhado de muita porrada da “puliça” depois.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Onde a cidade se diverte

























1 - Mui Oleado – Local descontraído. Tem de tudo um pouco, mas contenha-se ao pedir o famoso Oleado, bolinho de carne que dá nome ao estabelecimento, que pode lhe levar muitas vezes ao sanitário de casa no meio da madrugada. Em se tratando de custo beneficio, é melhor levar uns quatro desses e espremer todos juntos num pano, de preferência limpo, deixando escorrer todo seu conteúdo, para dentro de uma garrafa. Com isso, você terá óleo pra sua cozinha e ainda pode sobrar um pouco para colocar no seu Chevette. Abre de domingo a domingo das 10 da manhã e vai até as 10 da manhã do dia seguinte. Com licença da má palavra, uma verdadeira diarréia em termos de horário!

2 - Biba’s - Um barzinho pra lá de animadérrimo! Com uma decoração delicada, toda em tons pastéis de violeta e lilás, aliás, o pastel de frango é uma das especialidades da casa, juntamente com a rosquinha preta do chefe, Lindomar. Quem come da rosquinha desse mestre, nunca mais vai querer outra coisa. Ainda tem o Hot Bofe, pra aqueles mais afoitos na comida quente tropical. Não precisa fazer reservas, é só apresentar um cartão do salão de Beleza Lindomares, que você garante uma mesa. Aberto sempre que Lindomar aguentar!

3 - Strovenga’s Bar – Lugarzinho simpático, onde você pode experimentar da estrovenga do dono: Amiltão, mas pode chamá-lo de seu Nêgo. O negão é uma figura muito popular pelo tamanho da sua... Deixa pra lá. Chegue cedo porque você pode ficar de pé um tempão, pois os clientes de seu Nêgo, não arredam o pé da estrovenga, digo, do Strovenga’s tão cedo. Aberto enquanto seu Nêgo estiver acordado, trabalhando duro. Aliás o negrão é pau pra toda obra!

4 - Shana Bristô - Local discreto, pra não dizer, austero, mas é bem agradável. Vizinho do Biba's. Tudo foi decorado com o maior rigor pra quem calça acima de 39. Tapioca molhada e Perereca a Vinagrete são as maiores especialidades. Pra quem é adepto desses tipos de iguarias, o local é prato cheio. O gerente, Maria João, pode lhe contar um pouco da história do estabelecimento ao pé do ouvido, se assim você desejar. É só pedir com carinho. Ah, só um avisozinho: a tapioca é um pouquinho salgada, assim como a perereca. Nem sempre está aberto pro público. Tem noite que só é aberto pros mais chegados de Maria João.

5 - Crosta’s – Atualmente é a maior badalação da cidade. Localizado no Fungado, às margens do córrego da Caga, Crosta’s é tudo de bom. Não repare no ambiente, pois faz a linha informal. O que pode parecer sujeira é tudo parte da arrojada decoração. Os banheiros totalmente ecológicos dão vistas pra dentro do riachinho. Mas cuidado ao pisar na área, você pode sair com os sapatos premiados. Uma tulha de jornais está a sua espera na entrada. Sarrabulho é o seu prato principal, juntamente com o famoso Raspa de Tacho, prato da preferência dos mais jovens. O proprietário, Felzinho Azedo está sempre animado recebendo seus clientes, no seu impecável macacão azul. Sua marca registrada desde o tempo em que se dedicava a mecânica. Para agradar seu público, Fezinho usa o mesmo macacão desde o dia da inauguração da casa, em 1966.

6 - O Caidaço – Finalmente, para aquela saideira de fim de noite, Caidaço é o point. Aberto 24 horas, o boteco serve todo tipo de bebida. O ponto alto do pedaço é o seu vomitodromo. Espaço único, feito especialmente para os seus clientes vip. A atração do estabelecimento é o Lingüinha, o dog de estimação da casa, que faz o serviço de lamber a boca dos clientes no vimitodromo. Um espetáculo a parte é o poste e a sarjeta, especialmente construídos para atender os clientes mais exigentes. Atenção: é estritamente proibido o uso de Engov, sobre pena de o usuário ser expulso ou até mesmo ter que pagar uma multa altíssima em Ufirs.

sábado, 21 de março de 2009

Um par perfeito
























UM PAR PERFEITO

Os dois já estavam juntos fazia algum tempo. Se davam bem, apesar de Artur viver basicamente no pé de Luís. Tinham uma vida harmoniosa. Até trocavam carinho em público, fato que chegou a ser motivo de muxoxos por parte de dona Clarice, viúva de um coronel, que morava no andar de cima. Ela achava aquilo um nojo! “Oxente! Isso é puro despeito, seu Luís! A velhota num tem nem gato pra fazer-lhe cafuné!”, comentava Gilvan, o porteiro.

Luis costumava sair aos sábados, com Artur. Ali, os dois lado a lado. Pra falar a verdade, sempre chamavam a atenção. Eles gostavam de sair quase sempre nos dias ensolarados. Era sábado? Então lá estavam Luís e Artur a passear pelo parque do Trianon. Claro, pois moravam a duas quadras do “pulmãozinho” da Paulista. Fazia gosto ver os dois ali, a passear...

Luís gostava de ir à Livraria Cultura da Paulista. Isso acontecia quase sempre, mas Artur não se mostrava interessado, pra ele tanto fazia. Apenas ia com Luís e pronto. Estar com Luís era o que importava.

Todas as vezes em que os dois iam à livraria, Artur ficava do lado de fora. Pra falar a verdade, podia-se notar que Artur gostava de fica ali, observando as pessoas indo e vindo, dentro da galeria. Vez por outra, um falatório mais alto, uma algazarra qualquer, que ecoava dentro do prédio, chamava-lhe a atenção. Tinha um ouvido de dar inveja a qualquer cachorro.

Era sábado e, mais uma vez, os dois saíram do prédio onde moravam, em direção à Avenida Paulista.

Eram quase onze horas da manhã, aliás, uma manhã bem quente e Artur seguiu, atrelado a Luís, em direção à famosa galeria da Paulista.

Os dois entraram. Artur não reclamou de, mais uma vez, estar ali ao lado de Luís, em mais um passeio literário. Portou-se como se estivesse resignado. Os dois foram para a Cultura e, como sempre fazia, Luís deixou Artur do lado de fora.

Artur não lia, mas era os olhos de Luís, que lia, porém não enxergava. Homem e cão faziam um par perfeito.

(Outro conto para Contos da Cultura)

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sabedoria popular



O cordel é mesmo uma fonte rica em informação e crítica dos costumes de uma parte do Brasil. Aqui está uma pérola desse nosso rico universo cultural.

CORDEL DA A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA
Miguezim de Princesa

I

Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II

Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III

Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV

Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V

O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI

Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII

É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII

Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX


Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.


X

E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Haikai, Raykay, Ra-i-kai, Raicai...


HAIKAI, RAYKAY, RA-I-KAI, RAICAI...
A kenzo na mão trêmula.
Olhar embaçado.
Um gato saciado aos pés das pantufas!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Richard, Emma, Ruldoph, Lígia e Osvaldo



RICHARD, EMMA, RULDOPH, LÍGIA E OSVALDO

Richard estava ao lado de sua mulher Emma. Ela repousava tranqüila, deitada com a cabeça em seu colo. Segurando uma taça, sentado na cadeira de leitura, junto à janela, seu irmão Rudolph olhava direto pro céu, onde a luz do sol se esvaía lentamente.

"De tantos que me cortejaram, tu foste o único que me deste o verdadeiro amor, Richard. Lembro-me de quando tu recitavas para mim os poemas que Whitman compusera. Tão intensos aqueles versos... Ao ouvir-te, meu coração batia tão intensamente que pensava que iria saltar-me pela boca. Ah, Richard, quão lindo era o nosso amor juvenil!”

Richard olhava a parede do quarto fixamente. Parecia estar procurando algum defeito que nem os arquitetos e engenheiros seriam capazes de detectar.

“Doce Emma. Tão longe e tão perto. Sabes que não sossegarei enquanto não partires comigo. Tenho tudo arranjado. Um coche com quatro cavalos estará à nossa espera, próximo à casa da ponte. Sei que seremos felizes...”

Richard olhou para Emma e depois para Rudolph. Lembrou-se dessas palavras, pronunciadas por ambos; as primeiras, de Emma, quando ainda eram adolescentes; as outras, anos depois, de Rudolph para Emma.

Essas falas que tilintavam em sua cabeça como os sinos das igrejas aos domingos, não impediram Richard de servir vinho aos dois.

Richard deitou a cabeça de Emma sobre o travesseiro. Soltou a mão dela que ele segurava. Fechou o frasco de Acônito que estava caído ao lado da taça de vinho de Emma. Olhou em direção a Rudolph, que permanecia olhando para o céu. Em seguida, Richard deixou o quarto onde, poucos minutos antes, encontrara os dois amantes, agora apenas dois corpos inertes sem vida, graças à ação do competente veneno no vinho.

Lígia fechou o livro que comprara na Livraria Cultura, e falou para o marido: - Valdo, amanhã que tal bebermos um vinhozinho, querido? Em seguida, ela apagou a luz. Uma lágrima teimava em se equilibrar no canto do olho. Lígia enxugou-a e dormiu com um leve sorriso no rosto.

(Este foi mais outro conto postado nos Contos da Cultura)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Casablanca - Parte III

























CASABLANCA - PARTE III

Clodoaldo gostava de assistir um filminho antigo; tarde da noite. Alugou Casablanca. Sua mulher, Jurema, havia preparado uma comidinha especial pros dois...

...Rick, acompanhado do oficial francês Louis Renault, tinha acabado de sair em direção ao aeroporto, para levar Ilsa Lund e Victor Laszlo ao avião que os levaria a Lisboa...

Tudo começara anos antes, em Paris. Eles tinham se apaixonado perdidamente um pelo outro. Rick adorava sair e passear pelos cafés de Paris. Ah, Paris! Cidade dos amantes; das luzes...

Infelizmente, a guerra chegara à cidade. Os alemães estavam a poucos quilômetros! Os dois estavam ali completamente apaixonados, mas, em vez de fugir de Paris com Rick, o seu amor mandara-lhe um bilhete de despedida na plataforma do trem...

Os anos se passaram e Rick não viu mais a sua paixão. Fora para Casablanca e abrira o Rick’s, “o lugar onde todos se encontram”. Sam, o músico do bar, fora proibido de tocar a música que eles mais gostavam. Rick tornara-se um homem cínico...

Rick estava indo pro aeroporto de posse do salvo-conduto. Iria embora também de Casablanca com seu amor? Ninguém sabia.

Após dar cabo do comandante alemão Heinrich Strasser, deu o visto pra Ilsa e viu seu grande amor indo embora mais uma vez e, quem sabe, para sempre. Rick juntou-se ao oficial francês e, antes deles entrarem no avião, exclamou:

- Laslo, eu te amo! Ei, Ilsa, cuida dele pra mim, tá?!

Segurou a mão de Renault e quando já iam embora, no meio do nevoeiro, gritou:

- Ah, não se esqueça de passar na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, e comprar para mim “O Doce Veneno do Escorpião!”...

Clodoaldo acordou-se assustado, suando pra danar! Havia tido um pesadelo! Cutucou a mulher e disse: “Jurema, num dá mais pra assistir filme tarde da noite comendo feijoada, nêga!

Clodoaldo bebeu um efervescente e voltou a dormir o sono dos justos. Prometera assistir ao filme outra vez, mas só que acompanhado de umas pipoquinhas, de leve.


( Mais outro conto postado no Contos da Cultura. Uma observação quanto ao título: outro autor havia postado um conto com o título Casablanca - Parte II, fazendo uma homenagem ao grande filme, só que uma homenagem bem comportada, diferente desta, claro.)

quarta-feira, 11 de março de 2009

O encontro




O ENCONTRO

Terça-Feira. 19 de junho de 2008. 16:45. Livraria Cultura da Galeria Nacional.

Geraldo e Ricardo iam pros caixas ao mesmo tempo e esbarraram um no outro, no caminho:
- Você por aqui?!

- Como vai indo, Geraldo?

- Vou, assim-assim... E você?

- Tenho suportado as coisas como elas são...

Uma senhora, sem paciência para ouvir a conversa dos dois, passou à frente deles na fila...

- Ei! - gritou Geraldo pra senhora.

- O que foi? - indagou ela, com uma cara assustada.

- A senhora chega assim e vai passando na frente da gente... Não sabe esperar, não?!

- Ora, vocês ficam com essa conversinha, com essa lengalenga idiota, emperrando a fila...

- Pois a senhora vai voltar para onde estava! - disse ele taxativo, pegando-lhe o braço com firmeza, sob os olhares de todos, inclusive, dos que já estavam nos caixas.

- Geraldo! - exclamou Ricardo com censura.

- O quê?! - Geraldo parou assustado.

- Como é que você faz isso com ela?

- Olha, Ricardo, faz quase 20 anos que nós não nos vemos. Não é todo dia que a gente dá de cara com um velho amigo... - ele interrompeu o que estava dizendo...

Os dois olharam para os livros que acabaram de pegar. Eram iguais!:

“SÓ UM TOLO DORME NU”, de Rino Amazziotti, escritor Italiano, sucesso na Europa e autor do best-seller e sucesso de crítica, “O CAVALO DE TRÓIA NÃO TINHA RABO”.

- ...principalmente, quando estamos levando o mesmo livro! - completou com surpresa Geraldo.

- Não sabia que você era fã de Rino...

Enquanto os dois conversavam, agora sobre Rino Amazziotti, a senhora passou à frente deles; enquanto issso, seis clientes que estavam atrás se encaminharam pro caixa.

- Geraldinho, se você vai demorar com essa conversa aí com seu amiguinho, eu vou tomar um café lá na cafeteria!

Geraldo nem reparou no que sua mãe falara e continuou conversando com seu amigo Ricardo, enquanto a ranzinza dona Nara, seguiu pro café, resmungando.



(Este foi mais outro conto postado no Contos da Cultura)


segunda-feira, 9 de março de 2009

Seulement bons amis







SEULEMENT BONS AMIS

Laura entrava na Livraria Cultura da Galeria Nacional quando foi surpreendida, por trás, com duas mãos sobre os seus olhos: “Adivinha?” “Humm...” Ela apalpou o rosto de quem tentava surpreendê-la. “Humm... Definitivamente, um cara nada bonito!” “Poxa!” Hélio tirou as mãos dos olhos dela. “Tudo bem, Laura?” “Hélio! O que você faz por aqui, tão longe da cheia, quer dizer, de Itajaí?” “Estou tentando encontrar um editor pro meu segundo livro, mas não tá nada fácil.” “Esse mercado parece feito só pros eleitos.” “Mais que isso, parece que é preciso a gente escrever em inglês, ter nome esquisito, para ser reconhecido, ma chérie. - Ela gostava de ser chamada assim, pois vivera em Paris! - "O meu livro, O Suicida, eu tive que implorar para que as pessoas ficassem com ele de graça. As pessoas são mesmo umas falsas, Laura, para dizerem que o livro é bom, engraçado, que prende do início ao fim.” - Ele recebera muitos elogios dos amigos e parentes quando lançou o referido livro. - “Pois, é... E eu ando muito chateada. Nenhum de meus contos foi selecionado para a Revista da Cultura...” “Nem os meus!” “Acho que esse pessoal... Eles são muito exigentes, Hélio...” “Pois, é, eu acho também...” “Eu acho eles uns... boçais... Êpa, Hélio! Você colocou isso na minha fala! Assim, não vale! Não quis dizer “boçais”, eu quis dizer “metidos”... Não! De novo, Hélio!” “O que foi?! Não fiz nada!” “Pára com isso. Pára de colocar palavras na minha boca, seu...lindão. Pára! Eu não quis dizer lindão... Pára! Só por que está escrevendo este conto, acha que pode escrever o que quiser e falar por mim! Tchau!” “Laura!” Lá se foi Laura, chateada com Hélio. Enquanto caminhava, em câmera lenta, Laura olhou para trás, piscou o olho pra Hélio e mandou-lhe um beijinho! Ele ainda gritou: “Aurevoir, ma chérie! Hélio sabia: que, quando Laura abrisse o site da Cultura e lesse este conto, iria ficar danada da vida, mesmo estando a admirar o pôr-do-sol magnífico lá de sua varanda, em Natal.



(Este conto foi postado em 15/12/2008 no Contos da Cultura, cujo conteúdo, foi uma brincadeira com a minha querida amiga Laura Diz do blog Caminhar)

sábado, 7 de março de 2009

Vento mareiro


VENTO MAREIRO
...e demente o barco balouça, querendo lembrar-se de alguma coisa, quiçá do marinheiro que lhe dirigiu, dos mares que um dia já navegou ou de um vento mareiro a beijar suas velas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Cássia e Vinícius























CÁSSIA E VINÍCIUS

Cássia tinha 28 e Vinícius 45. Naquela noite, os dois tinham marcado se encontrar numa esquina do centro da cidade. Esquina essa, de pouco movimento. Proposital escolha, pois o que os dois iriam discutir era de vital importância para a relação deles e não queriam xeretagem por perto.

Vinícius chegou primeiro; três minutos depois, chegou Cássia.

- Porra! Quer mesmo me fazer de idiota, né? – disse ele, olhando pros lados, nervoso.

- Oh, Vi, é que me atrasei... – respondeu ela com voz de criança.

- Porra nenhuma! – vociferou ele, andando agora de um lado para o outro.

- Oh, Vi... Me perdoa, vai! – implorou ela, querendo fazer-lhe carinho no rosto, mas ele a rechaça.

- Você é mesmo uma vagabunda! Eu devia é lhe matar!– disse ele pegando na ponta do queixo dela e apertando.

- Oh, amorzinho. Custa nada me perdoar? Hein, vai, vai. Por favor! Olha, eu juro que não vai acontecer mais...

- Porra nenhuma sua piranha! Rameira de uma perna só! – gritou, ele.

- Ei, não fica assim! Olha as pessoas! – advertiu, ela.

- Quero que se foda! Você... Como pode fazer isso comigo, Cá! Você foi mesmo uma, uma...

- Xiiii... Não grita, Vi! Olha, meu amorzinho...

- Meu amorzinho, meu amorzinho, um caralho! E não me toca...

- Vi, vamos lá, é só me perdoar... Simples... Diz, que me perdoa... Olha doeu em mim também... Eu, juro que não faço mais!

- Você é mesmo uma cínica! Olha pra você...

- Eu sei que você ficou puto da cara com isso, mas foi a primeira vez. Considere isso! Olha pra, mim...Olha nos meus olhos...Agora diz que me perdoa...

- Mas Cá, você prometeu que não iria falar pra Viviane!

- Num aguentei, mô... Eu tive que falar pra ela que eu sabia que você tinha transado com ela. Olha, Vi, eu prometo que quando você transar com outra mulher eu juro que não abro mais a boca pra nada. Tá? Agora me perdoa, vai...

- Tá, bem. Ontem, quando eu disse que estava na casa de minha tia, na verdade eu tava transando com a Carmem, aquela tua amiga do ginásio...

Cássia agarrou-lhe cintura e deu-lhe um beijo. Os dois ficaram se beijando por alguns minutos naquela esquina meio deserta do centro da cidade. Em seguida, os dois se separaram e cada um seguiu o seu caminho.

- Alô, Carmem? Aqui é Cássia Schmitt, lembra? A loirinha que estudou contigo no Aristeu de Carvalho...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Apenas um nome.






























 APENAS UM NOME
por Hélio Jorge Cordeiro

José chegou ao pequenino cartório de Nazaré, acompanhado de sua mulher e de seu filhinho de colo. Deixou-os esperando do lado de fora e entrou.

Foi chegando e foi dando bom dia. Primeiro para um senhor septuagenário que mascava um pedaço de fumo logo na entrada do cartório. Mas antes de retribuir o cumprimento, o velho deu uma cusparada marrom na direção da rua de barro. O cuspe atingiu o solo, levantando uma diminuta nuvem de pó. Em seguida, a meleca gosmenta do tabaco formou uma bola e esta rolou como se fosse neve, indo em direção a uma das patas traseiras de um jegue que estava à espera de seu dono. O animalzinho deu um pinote quando a bola de argila com cobertura de tabaco lhe tocou a pata, derrubando toda a carga. O velhote começou a rir.

José ficou pasmo com o que acabara de ver, contudo, o inusitado, não iria tomar o lugar daquilo que era o seu real objetivo ali no cartório: fazer a certidão de nascimento de seu primeiro filho.

Finalmente, José chegou ao ensebado e gasto balcão de madeira, parte importante do mobiliário do tabelionato:

- Bom dia! – disse José, se dirigindo a um homem que parecia ter sua idade. O sujeito, sem olhar pra ele, balbuciou algo que parecia ser um bom dia de trás pra frente.

- Eu vim tirar a certidão de nascimento de meu filho.

O moço, simplesmente, esticou o braço e entregou-lhe um pequeno papel.

José olhou-o e logo devolveu pro homem.

- Não sei ler. - disse.

Foi então que o homem se levantou muito a contra gosto e foi até o balcão, ficando cara a cara com José. Debruçou-se, cruzando os braços como se tivesse percorrido dezenas e dezenas de quilômetros a pé e o cansaço houvesse tomado conta de seu corpo.

- Então o senhor assenta o polegar aqui. – disse o sujeito, preguiçosamente.

- Primeiro quero saber o que está escrito nesse papel. – falou sério, José.

- Isso é um recibo dizendo que o senhor tem que pagar uma pequena taxa pela certidão. - disse o homem, bruscamente.

- Mas primeiro quero ver a certidão pronta. – retrucou no mesmo tom, José.

O homem olhou-o, viu que José não era muito fácil de convencer e falou:

- Está bem. Vou pegar o livro. Um momento. – respondeu e saiu fazendo muxoxos.

O homem foi até sua mesa e pegou um livro grande, tão antigo quanto a soma dos anos do velhote cuspidor, de José e do homem do cartório juntos.

Ele voltou e começou o questionário: nome do pai, da mãe, dos avós maternos, paternos, do filho e, se deixasse, até do espírito santo.

Quando José lhe disse o nome que tinha escolhido para o filho, o homem fechou o livrão quase esmagando a mão de José.

- Não. Não posso! Exclamou com uma determinação que nem parecia a mesma pessoa de minutos atrás.

- Por quê? – indagou José, surpreso.

- Porque não posso. Isso não é nome que se dê a um filho.

- Mas o filho é meu! – falou José, com indignação.

- Não sou autorizado a fazer isso! – falou o homem quase deixando o balcão.

José olhou pra ele e o chamou como se fosse lhe confidenciar alguma coisa:

O sujeito chegou bem perto e foi todo ouvidos:

- Olhe, meu senhor...

- Herodes...

- Olhe, Herodes, eu vim de longe, léguas daqui, homi. Num posso voltar sem dar um nome pro meu filho.

- Eu sei, eu sei, mas...

- Num tem mas, meu senhor...

- Herodes...

- Tá, Herodes. Olhe, seu Herodes, quanto custa a certidão?

Herodes olhou pro lados e falou em voz baixa:

- A certidão não custa, o que custa é a taxa de serviço, entendeu? São 10.

- Ah, sei... – disse José já enfiando a mão dentro do paletó de linho mais enrugado que pele de tapuru residente em goiaba madura, deixando à mostra um baita de um 32.

Herodes esbugalhou os olhos ao ver a arma. José retirou um maço de dinheiro. Pegou duas notas de 5 e as entregou para Herodes. Em seguida, pegou mais umas notas que ele contou em voz alta ao pé das orelhas do funcionário do cartório:

- 5, 10, 20, 25, 30! – conferiu folheando, outra vez as notas encardidas e disse:

- Taqui, seu Herodes, 30! É três vezes o valor das... ta-xas! – disse com um pouco de ironia e continuou:

- Isso é pra você comprar um corte de fazenda, bem bonito... Um presente meu, de minha patroa e de meu filho.

- Ma... ma...mas...- gaguejou Herodes, olhando pros lados e depois falou:

- Tá, tá bem. Num sei por que estou fazendo isso...- lamentou-se, fazendo cara de vitima e lembrou-se:

- Ah, vai ser preciso os padrinhos.

- Padrinhos?!

- Está, bem. Pode deixar. Seu Caifaz! – gritou na direção da rua.

Não demorou o velhote cuspidor apareceu e foi ter com eles no balcão.

José guardou o molho de notas de volta e ficou com os 30 nas mãos.

Herodes pegou o livrão e começou a escrever os nomes dos pais do menino, dos avós maternos e paternos, de seu Caifaz e o dele como padrinhos e, finalmente, escreveu o nome do menino.

José, finalmente, deu os 30 para Herodes, que os pegou muito discretamente, como se já não tivesse feito isso dezenas de vezes.

Depois de tudo preenchido e colocados os devidos carimbos, Herodes deu o papel pra José, que o guardou no bolso do paletó e foi embora satisfeito.

Caifaz aproximou-se e perguntou:

- Herodes, como é mesmo nome do nosso afilhado?

- Jesus. – pronunciou Herodes, com certo desdém.

- Minha nossa! - exclamou o velhote, dando uma cusparada marrom, recheada de fumo de rolo na direção da porta da rua e concluiu:

- Isso num vai acabar bem!

terça-feira, 3 de março de 2009

Divagações acerca do nada e das mudanças gramaticais.






















DIVAGAÇÕES ACERCA DO NADA E DAS MUDANÇAS GRAMATICAIS

Os negros mantos das inverdades cobrem todos os azuis que foram pintados e costurados com uma tênue linha que nos fazem os seres que somos. Não aceitarás, portanto, que te digam não, que não és mais a mesma pessoa, não diante um colegiado de imbecis que nada tem a ver com a nossa vida. Não aceites, portanto, que mandem em ti como se fosses um reles pau-mandado.

A vida a que me refiro não é a propiciada pela junção de um orifício flácido e esponjoso, com lábios em diversas camadas e um por um tronco cavernoso coberto por veias, mas a vida gerada num cosmo, navegado pelos nossos mais estranhos sonhos. Sonhos cujos sentidos, não nos revelam quem somos, nem de onde somos, muito menos, para onde vamos, mas que lá no fundo desconfiamos existir.

O universo, pois, pode ter o tamanho de uma crase, aliás, o tamanho de um trema, que já não faz figura nas palavras de nossa língua, pelo menos nessa nossa escrita mãe atual!

Que assim seja, pois assim será a nossa existência daqui pra frente!

Gente que faz 8



GENTE QUE FAZ 8

Walter Areias é gente que faz (depois se desmancha!), 70 redondos (de bigode pintado fica mais moço 1 ano e meio!), Time: (um que vive caindo, nem vale apena citar!) Hobby: pagar a conta de parlamentares, Especialista em: fazer maletas recheadas de dólar (com cobertura de alguém lá dentro!), em época de eleição e doá-las. Obras famosas: todas que caíram, aqui e lá fora! Sonho: desde pequeno sonha em fazer castelos de areia (continua fazendo, só que não são castelos, mas edifícios e obras públicas), Livro: “Derrubando as Torres” de Kaled Arkbar, Bebida: todas que recebe de presente. Medos: de ficar cinco minutos embaixo de uma obra sua! Local de trabalho: Brasília- Câmara e Senado. (perguntado se ele não tinha escritórios, ele afirmou que tinha, mas que não costumava usá-los! “É contraproducente, meu rapaz!”, disse o ilustre empreiteiro.)

Gente que faz 7


GENTE QUE FAZ 7

Dep. Niño Furtado (que ironia do destino, né?!) é gente que faz (ele diz que faz, magina!)... Devido às insistentes modificações nas respostas (uma hora dizia uma coisa, depois mudava e assim foi por longas horas tomando o tempo e grana do repórter responsável pelo questionário! Além de irrequieto, hora tava na direita, hora na esquerda um inferno! ), não foi possível traçar o perfil desse representante do povo(!). PS: a roupa com que o cidadão foi fotografado, foi mera coincidência, estava de folga!

Gente que faz 6


GENTE QUE FAZ 6

Pe. P. Dhophillo é gente que faz, 58 (parece mesmo que tem 58!), 1 e 80 ( parece ter menos, pois sempre que é visto, está curvado!) Inglês, Time: Opus Dei Futebol Clube, Livro: "The bad wolf and the teens por Bey B. Dolls e "Sabrina" de Flora Flowers, Bebida: vinho (claro!) e muito, mas muito whiskys, Comida: hostias fritas com queijo ralado (hmmmm!) Hobby: se vestir de mulher. Medos: ser pego e excomungado. Local de trabalho: sacristia, confessionário, dentro carro e na barraca de acampamento.

Gente que faz 5


GENTE QUE FAZ 5

Falôô é gente que faz, 33 ( diz que não tem idade, é eterno!) 1 e 75 (fica maior quando levita!) Desejo: quer ter 30 filhos (de mulheres diferentes, claro!) Hobby: cultivar ervas (!) Livro: Cogumelos Errantes de Roy Kengo, Música: “I ate your flowers in a barbecue party”, Bebida: todas ácidas(!), Cigarro: o que enrolar, vai!, Local de trabalho: (diz que Deus o livre disso!)

Gente que faz 4




GENTE QUE FAZ 4

Dr. João de Deus é gente que faz (gosta que lhe chamem de Doutor Deus), 75, (diz que tem 50). Bebida: todas que contenham álcool!) Livro: Mein Kampf. 1 e 50 (mas em cima de um salto 15 fica bem maior). Primeiro trabalho sério: pro DEOPS! (no auge da instituição) Hobby: fazer churrasco com colegas do IML no próprio IML. Religião: a dele. Local de trabalho: muitos lugares Brasil afora, Uruguai incluído! (quando não é descoberto, claro!) Atestados: tem de 50, 100, 200 e até de 15.000 (US$)

Gente que faz 3



GENTE QUE FAZ 3

Cap. Nattora, é gente que faz, 35 (vá duvidar!), Bebida: Sangria (qualquer uma vermelha!), Hobby preferido: fazer pau-de-arara, cadeira do dragão e pimentinha. Especialista em: telefone sem fio, tirar unhas, atirar no que se mexer (vixemaria!) e criar vespas no quarto. Local de trabalho: no Batalhão e nos terrenos baldios da periferia. (Em tempo: A seu favor tem: sabe rezar o painosso!)

Gente que faz 2



GENTE QUE FAZ 2

ZédeNado é gente que faz, 33, mas parece 55. 1 e 74. Time: Flamengo, Bebida: álcool, Escolaridade: nenhuma educação idem. Especialista em: furto e contravenção (ficha longa!). Local de trabalho: Beco do Gago no Alemão (e mais onde derem vacilo).

Gente que faz



















GENTE QUE FAZ

Shirley B é gente que faz, 23, olhos castanhos, 1 e 70, 70 quilinhos, quadril, ( não sabe) peitos (silicone, ora!), bunda (diz que é grande). Local de trabalho: Av. dos Estados, Balneário Camboriú. Aceita qualquer cartão!

domingo, 1 de março de 2009

Uma reflexão à gaucha


UMA REFLEXÃO À GAÚCHA

Nos pampas, onde os campos se assemelham a um imenso mar verde e servem de guarida ao minuano de quando em vez, estava um gurizinho campeando as ovelhas. Cansado, decidiu marchar em direção às arvores, onde havia sombra. Lá chegando, arriou o espinhaço e logo a madorna tomou conta do gurizinho. Não demorou, alguém o chamou, cutucando seus pés amarfanhados pelos muitos caminhares através do pampa e aparados da serra:

- Ei, guri!

O gurizinho acordou assustado. Logo viu que quem o chamava, era um anãozinho negro, em pé à sua frente. O anãozinho sugeriu que o meninozinho subisse num carvalho muito antigo que havia a umas léguas pra dentro da mata. Lá, na velha árvore, ele iria encontrar uma coisa que iria mudar toda sua vida.

Muito curioso, o gurizinho obedeceu ao anãozinho e foi em busca da surpresa anunciada pelo negrinho que não passava de um metro e trinta centímetros de altura.

Chegando ao velho carvalho, o gurizinho apressou-se em subi-lo. Quando chegou a uns dois metros de altura do chão, numa bifurcação de dois grandes e compridos galhos, viu um ninhozinho com todos os passarinhos mortos, estraçalhados por algum rapineiro voador. Assustado, o gurizinho perdeu o equilíbrio e caiu de cima do carvalho!

Ainda desacordado, deitado no chão, não ouviu o anãozinho a chamá-lo:

- Ei, Zinho, acorda, seu fracote! É Zinho, o anão negro, teu tocaio!

O guri Zinho acordou, no entanto, não conseguiu se levantar; tinha deslocado uma vértebra da coluna cervical! Não conseguia mexer nada da barriga pra baixo. Estava paralítico para sempre.

Um mascate, ao passar pelo local com sua carroça, depois de ter saciado a sede dos animais num arroio que corria perto dali, o socorreu.

- Bah, mas que infortúnio desse guri! – disse o viageiro, segurando a cuia de mate numa mão e as rédeas que prediam os dois cavalos na outra.

Assim, o mascate o levou dali para uma cidadezinha próxima.

Depois daquele dia de curiosidade, o guri Zinho nunca mais pode campear as ovelhas através dos planos verdejantes dos pampas gaúchos.

Quanto às ovelhas que o Zinho deixara pra trás, todas foram roubadas; suas lãs tosquiadas e suas carnes vendidas nas feiras. Quanto ao Zinho, o anão negro, dizem, só aparece para aqueles que são muito curiosos e que vão na conversa de qualquer um que encontram pela frente.