terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Letra morta e água chilra


















Um amigo me passou esta mensagem e eu a repasso para vocês. Precisamos repensar o que queremos da vida e em que mundo queremos viver.


Natalmente crônica
Vai o ano correndo manso entre noites e dias, entre nuvens e sol, e quando mal nos precatamos, chegamos ao fim, e é natal. Para incréus empedernidos como eu sou, o caso não tem assim tanta importância: é mais uma das trezentas mil datas assinaladas de que se servem inteligentemente as religiões para aferventar crenças que no passar do tempo se tornariam letra morta e água chilra. Mas o natal (tal como as primeiras andorinhas, o carnaval, o começo das aulas, e outras efemérides do estilo) está sempre à coca da atenção ou da penúria do cronista, para que se repitam, pela bilionésima vez na história da imprensa, as banalidades da ocasião: a paz na terra aos homens de boa vontade, a família, o bolo-rei, a mensagem evangélica, o ramo de azevinho, o Menino Jesus nas palhinhas, etc. etc. E o cronista, que no fundo é um pobre diabo a quem ás vezes falta o assunto, não resiste à conspiração sentimental da quadra, e bota a fala de circunstância.
Acontece porém que tenho fortes razões para não estar de bons humores, o que me permite esquivar-me desta vez, se alguma outra caí em tão ingênua fraqueza, ao jogo cúmplice do amplexo universal. De mais sei eu que na enfiada de abraços há sempre os que apertam e os que são apertados. De mais sei eu que a confiança é, em muitos casos, a armadilha que a nós próprios armamos, e para ela é que os outros nos empurram, sorrindo. Por isso, esta crônica de natal não vai passar do fala-falando que é a minha única voz possível quando haveria lugar para gritos. Mas o leitor também lá tem a sua vida, quem sabe se dura e difícil, e não há de aceitar que eu lhe agrave as amarguras. Desculpe o desabafo.
José Saramago
In A bagagem do viajante.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Por onde andará o Sarau Benedito?



Pessoas, recebi um vídeo através do poeta Ricardo Cabús, da bela e quente Maceió, AL. Me deu uma dor no coração, pois lembrei do saudoso Sarau Benedito. Por onde andará aquele sarau tão significativo para a cultura da cidade de Itajaí? Não, não, eu sei onde ele se encontra, mas gostaria de ouvir e ler de seus criadores e adeptos suas opiniões sobre seu paradeiro.

Louvo iniciativas como as do pessoal do Papel no Varal, (http://youtu.be/1fl6ZDWoRVg) que fazem da sociedade maceioense um bom exemplo para o resto do Brasil.Mostrando que discutir cultura rodeado de bons amigos e poesias, é uma necessidade como comer, tomar banho, fazer sexo, vestir uma cueca (ou calcinha) limpa ou beber água - neste caso não muita em se trantrando deste que vos escreve, prefiro destilados e afins! hehehe . Então só nos resta morrer de saudade e inveja, pois

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pimenta no c...dos outros é refresco, Zé!













Pessoal, quem quiser ler um capítulo do livro é só entrar aqui:  http://migre.me/777aD , mas antes leia a matéria abaixo.
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Entrevista exclusiva
Amaury Ribeiro Jr. explica: “os tentáculos da privatização levam a José Serra”- Amaury: "está tudo documentado"publicada sexta-feira, 09/12/2011 às 11:39 e atualizada sexta-feira, 09/12/2011 às 12:18 - Escrevinhador
por Rodrigo Vianna

Amaury Ribeiro Jr. estava agitado na noite de quarta-feira. Não era pra menos: depois de mais de um ano de trabalho (só pra redigir, porque a apuração começara muito antes), o livro sobra a “Privataria Tucana” finalmente saíra da gráfica. Havia marcado de conversar com ele à tarde. Mas Amaury teve que correr até a editora, para alguns acertos finais e pequenas correções.

Quando entrei na pequena sala onde ele trabalha, por volta das seis da tarde, Amaury tinha já vários livros sobre a mesa. A cada pergunta que eu fazia, ele corria direto para a página onde estava o documento que poderia embasar sua resposta. “O livro está muito bem documentado”, o jornalista não cansa de dizer.
E o Serra? “Os tentáculos da privatização levam ao José Serra”, afirma o jornalista.

A seguir, uma entrevista exclusiva de Amaury Ribeiro Jr. ao Escrevinhador…

- Por que Ricardo Sergio (ex-caixa de FHC e Serra) é tão importante nessa história?
Por 3 motivos.

Primeiro, na condição de diretor internacional do Banco do Brasil, ele assinou uma portaria que permitia a bancos brasileiros possuir contas em bancos correlatos no Paraguai, e vice versa. Essa medida tinha como pretexto facilitar a movimentação de dinheiro dos brasileiros que possuem comércio no Paraguai. No entanto, se transformou no maior duto para lavagem de dinheiro. Em vez do dinheiro vir para o Brasil, os doleiros passarama a usar esse mecanismo pra mandar toda a grana para uma agência do Banestado em Nova York. Pode-se dizer que Ricardo Sérgio atuou nessa ponta da lavanderia do Banestado.

Segundo ponto, Ricardo Sergio foi o grande artesão dos consórcios das empresas de telecomunicações durante as privatizações, no governo FHC. Ele conseguia manipular a formação dos grupos porque controlava o Previ (milionário Fundo de Previdência dos funcionários do Banco do Brasil), e decidia a forma como o Previ participaria dos consórcios. Ele conseguia isso porque o presidente do Fundo era um aliado dele – João Bosco Madeiro da Costa.

Por fim, Ricardo Sérgio criou a metodologia de usar as “offshores” nas Ilhas Virgen Britânicas, principalmente no Citco. Essas “offshores” eram usadas pra internar [trazer de volta ao Brasil] dinheiro que saiu ilegalmente do país, por meio de uma rede de doleiros.

- Ricardo Sergio foi indicado para o Banco do Brasil por quem?

Clovis Carvalho, homem muito próximo de FHC (foi ministro da Casa Civil) e Serra.

- O livro mostra uma rede de pessoas muito próximas a Serra e que teriam ligação com o esquema das “offshores”. Quem faz parte dessa rede?

A filha de Serra, Verônica. O genro dele, Alexandre Bourgeois. O primo de Serra, Gregorio Marin Preciado. Além de Madeiro da Costa.

- Qual a relação do banqueiro Daniel Dantas com Serra?

Os documentos mostram que a empresa Decidir, aberta na Flórida,era uma sociedade entre a irmã do banqueiro e a filha de Serra – as duas Verônicas. A empresa foi aberta com recursos das próprias empresas de Dantas. Depois, a Decidir foi transferida para as Ilhas Virgens Britânicas, no mesmo escritório da Citco onde Ricardo Sérgio opera com várias “offshores”, desde a década de 80. A exemplo das empresas de Ricardo Sergio, as offshores de Verônica e Alexandre Bourgeois eram usadas pra internar dinheiro em empresas deles no Brasil.

- Isso está provado por documentos?

Sim. Tudo está documentado, papéis obtidos de forma lícita em cartórios , na Junta Comercial, nos arquivos da Justiça brasileira e no governo da Florida, além de papéis obtidos nas Ilhas Virgens.

- No governo tucano, Serra era tido como um “desenvolvimentista”, em oposição aos “liberais” que queriam privatizar tudo. Sua investigação mostra que Serra foi mesmo um personagem secundário nas privatizações?

Não, ao contrário. Todos os personagens importantes na privatização eram muito proximos a Serra, a começar pelo Ricardo Sérgio, que foi caixa de campanha do Serra antes de ir para o Banco do Brasil. Isso mostra que Serra era um personagem central no processo, não era figura secundária, aliás ele fez questão de bater o martelo pessoalmente em mais de um leilão . Se fizermos um gráfico com as pessoas citadas no livro, vemos que os tentáculos da privatização levam ao José Serra. O nome dele aparece em poucos documentos, mas nos papéis surge gente muito próxima ao Serra – a filha, o genro, o Ricardo Sérgio…

- Ano passado você virou pivô de um escândalo durante a campanha. Não tem medo de retaliações agora?

Fui colocado no foco das eleições, com dois objetivos: evitar que os papéis desse livro fossem divulgados e afetar a candidatura da atual presidenta Dilma. Mas o livro está aí para provar que nenhum desses papéis é fruto da suposta quebra de sigilo de que fui acusado no ano passado. Quanto a retaliações, estou preparado pra tudo, e aviso: tudo que relato no livro está muito bem documentado.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sócrates, um cidadão Brasileiro



Pessoal, reproduzo aqui o artigo de Mino Carta sobre Sócrates que diz tudo o que eu sempre pensei sobre esse grande brasileiro. Brasileiro consciente de seu lugar na sociedade brasileira como um cidadão político e ídolo, coisa que vemos pouco e em pequeno número entre os cidadãos de renome deste país. Uma perda e tanto! Adeus magrão!
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"Sócrates, grande, impagável companheiro, mais único do que é raro.

Enquanto escrevo, tomo um copo de vinho, ele gostaria de saber, faz tempo escasso, um ou dois meses antes de morrer, tomamos juntos de uma garrafa aberta pela jovem apaixonada mulher, intrépida ao lado dele até o fim.

Vinham em Sócrates, na frente, antes de mais nada, o homem e o cidadão, o ser consciente até a medula, incapaz de evitar as implicações mais profundas da vida, inclusive as imponentes responsabilidades de figura pública. Era sua essência política, no sentido mais abrangente, mais completo. Mais vívido e vivido.

A excepcionalidade do talento no trato da redonda, na visão do jogo, na técnica e na tática, como diria Mario Morais, não se discutem, assumem, porém, uma dimensão além de rara, única, insisto na ideia, porque precedidas pela visão ampla, de longo alcance, da própria existência.

O doutor era também professor, e aos leitores de CartaCapital, a começar por este que escreve, ministrou aulas por muitos anos a fio da arte praticada como coube a poucos, e antes disso, de vida.

Sócrates já me faz falta imensa, e faz a todos nós"

Mino Carta