quarta-feira, 20 de julho de 2011

Vegetarie até quando puder



















Os vegetais e as hortaliças sempre lhe causaram fascínio. O pimentão, por exemplo, qualquer que fosse a cor, imprimia em seus pensamentos gozos inimagináveis. O chuchu, este, era como se fosse um amigo longínquo, que sempre que podia lhe mandava conselhos pertinentes, por vezes causando-lhe medo, mas um medo aceitável, reconfortante. As alfaces, assim como, as demais folhas, eram influentes em qualquer situação em seu dia a dia; manhãs, tardes e noites, inclusive nas madrugadas. Vou direto ao assunto, para não estendermos mais a lista de seus amigos e confidentes vegetais. Um dia, ele estava regando uma plantação de cebolinhas quando viu chegar ao portão de sua casa uma bela jovem; tez amorenada, olhos castanho claros, cabelos castanhos escuro. Não era muito alta, mas tinha uma estatura mediana, típica do brasileiro. Ela acenou para ele que, imediatamente limpou as mãos no macacão de brim e foi ao encontro dela. A jovem se apresentou e disse que era sobrinha de um amigo dele; o Bertoldo. Ele sorriu e perguntou com ele estava e se ainda tinha a quitanda na Avenida Central. Ela confirmou. Ele sorriu,mas se deu conta que não a havia convidado a entrar. Pediu desculpas pela indelicadeza e a convidou, por fim. Abriu o portão e a jovem entrou. Ele logo se ofereceu a carregar uma pequena valise que ela trazia consigo. Ela sorriu e lhe cedeu a valise. Os dois entraram.

Ele a colocou confortável no sofá. Ofereceu-lhe um suco de beterraba com limão que ela adorou. Os dois conversaram sobre várias coisas, principalmente, sobre os vegetais e suas influencias na vida dos homens. Ela falou que iria passar apenas uma semana ali com ele, para aprender a cuidar dos vegetais e de saber de suas propriedades. Os dias se passaram e depois de fazer muitas anotações e de experimentar de tudo, nas diversas refeições, ela resolveu na noite em que antecedia sua partida, oferecer-lhe algo como forma de agradecimento. Ele disse que não era preciso, pois o Bertoldo era uma lenda no que se tratava de vegetais e tais.

Depois do jantar, que ela amou; abobrinhas recheadas de ervilha e creme de cebola com mostarda no forno, os dois deram boa noite e foram para os seus respectivos quartos. Lá pelas tantas, enquanto ele sonhava com alguma berinjela deslumbrante e arredia, ele ouviu três toquezinhos na porta de seu quarto e em seguida um ranger quase inaudível da porta se abrindo. Foi quando ele acordou de fato. Abriu os olhos e viu a beira de sua cama, a jovem, completamente nua. “Sem casca alguma”, poderia ele falar se lhe tivessem perguntado. O corpo esbelto e moreno refletia na luz tosca de um poste, que ficava em frente a casa. A luz atravessava a janela do quarto dele, indo até um canto de sua cama, revelando-a.

Ela deitou-se ao seu lado. Não demorou, os dois se abraçaram, se beijaram, fizeram sexo de forma selvagem. De forma daninha, diria ele. Depois de muitas idas e vindas, gritos, sussurros e gemidos, ele por fim relaxou. O dia estava quase dando a graça de sua presença. Ele deixou-se cair pesadamente para o lado. Ela virou-se e ficou a olhá-lo. Ele vendo que ela o estava observando, virou-se em sua direção. Respirou fundo e disse: “Você sabia que não me lembro da última vez que eu comi carne? – Ela sorriu e disse com uma vozinha de semente: “Eu também não. Pode comer à vontade que não faz mal.”

terça-feira, 19 de julho de 2011

Que saudade de Madame Satã e Lolita!


















Gente, mais uma demonstração de irracionalidade e estupidez, (para não adjetivar mais com palavras de baixo calão), aconteceu no interior de São Paulo. É, gente, a capital paulista está exportando know-how para as bestas-feras do interior. Eu fico imaginando quando aparecer pelas ruas homosexuais dos quilates de Madame Satã (RJ) e Lolita (PE) e bater de cara com esses vermes homofóbicos e acéfalos. Esses sujeitos terão que rezar muito pra São Bolsonaro lhes livrar as peles! Vejam só a que ponto chegou a intolerância dessas amebas de São João da Boa Vista em São Paulo:

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Pai e filho são confundidos com casal gay e agredidos por grupo em São João da Boa Vista, SP

Plantão
Publicada em 18/07/2011 às 21h09m

EPTV - SÃO PAULO - Um homem de 42 anos teve metade da orelha decepada após ser agredido por um grupo de jovens no recinto da Exposição Agropecuária Industrial e Comercial (EAPIC), em São João da Boa Vista, a 225 km de São Paulo. Os agressores pensaram que ele e o filho de 18 anos fossem um casal gay, pois estavam abraçados. As informações são do site da EPTV.

A agressão aconteceu na madrugada da última sexta-feira. O homem, que preferiu não se identificar, ainda está traumatizado. Ele contou que depois de um show um grupo de sete jovens se aproximou e perguntou se os dois eram gays.

Ele disse que explicou que eles eram pai e filho e, mesmo assim, houve um princípio de tumulto. Os rapazes foram embora, voltaram cinco minutos depois e começaram a agredir os dois. Um deles teria mordido a orelha do pai, decepando parte dela.

" Eu lembro de ter tomado um soco no queixo e apagado. Quando eu comecei a acordar eu ouvi as pessoas dizendo que eu estava sem a orelha "


- Eu lembro de ter tomado um soco no queixo e apagado. Quando eu comecei a acordar eu ouvi as pessoas dizendo que eu estava sem a orelha - explicou.

Ambos foram levados para a santa casa, onde foram atendidos e liberados. O filho teve apenas ferimentos leves.

O delegado do 1º Distrito da Polícia Civil de São João Boa Vista, Fernando Zucarelli, disse que foi aberto um inquérito e que já está tentando identificar os possíveis autores. A homofobia, que é a aversão a homosexuais, ainda não consta como crime no código penal brasileiro, mas, além da agressão, os jovens também podem responder por discriminação.

A organização da EAPIC informou que havia 150 seguranças, além da Polícia Militar, durante toda a festa e que vai colaborar com a polícia para a identificação dos agressores.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Voltei Recife...


IBGE: nordestino volta para o Nordeste. Pernambuco recebe mais.
No IBGE.
No G1:

"Nordeste é região com maior retorno de migrantes, segundo IBGE

Sudeste perdeu potencial atrativo e Nordeste começou a reter população. Instituto cruzou informações da PNAD e dos Censos de 2000 e 2010.

Do G1, em São Paulo

A migração entre regiões do país perdeu intensidade na última década, e estados do Nordeste, além de reter população, começaram a receber de volta os que deixaram seus estados rumo ao centro-sul do país. É o que diz um levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (15) com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009 e dos Censos realizados em 2000 e 2010.

Segundo o instituto, na última década começou a haver um movimento de retorno da população às regiões de origem em todo o país. A corrente migratória mais expressiva continua a ser entre o Nordeste e o Sudeste, mas houve redução. A região Nordeste foi a que apresentou o maior número de migrantes retornando para seus estados, seguida, em menor escala, pela região Sul.

O IBGE investigou onde morava o indivíduo exatamente cinco anos antes da data das pesquisas, no período entre 1999 e 2009, quando aproximadamente 4,8 milhões de brasileiros migraram entre estados e entre regiões do país.

Em 2009, os estados do Nordeste que apresentaram migração de retorno mais expressiva, conforme o instituto, superando os 20% do total de imigrantes, foram Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Oportunidades

“Além de apresentar menor migração, diminuindo o número de pessoas que saem, o Nordeste começa a atrair população, com uma rede social melhor. Enquanto isso, o Sudeste, que já não recebia mais tantas pessoas, passa a ser também emissor, não só de migrantes, como também de quem é originário e está deixando essa região”, afirma Antônio Tadeu Ribeiro de Oliveira, um dos pesquisadores do instituto.

Esse Nunca Dantes …"
















Gente, a vida é mesmo um vai e volta. A volta dos nordestinos as suas raízes está se confirmando. Serviram como puderam. Foi dada a nós a oportunidade de trabalho, isso é fato, porém sem o devido respeito, além de nos colocar à margem; parca educação, parca moradia, parca saúde. Esqueceram de nos avisar que aquela oportunidade tinha validade; depois de ajudar na pujança e desenvolvimento, teríamos que voltar. Não éramos mais bem vindos; fomos uma gente inferior indigna de um espaço social descente. Teríamos que nos contentarmos com os trabalhos inferiores de apenas servir e mais nada. Começa a chegar a hora de mudar esta infame história. Ela parece que já chegou. Sem ressentimentos, pois. Que eles sejam bem vindos às terras dos coqueirais onde gorjeiam apenas aves sem preconceitos, sem discriminações. Cantemos pois: “Voltei Recife foi a saudade (Lula) que me trouxe pelo braço...”

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O amante indelével










Era amor a primeira vista. Ele tocou de leve seu rosto. Desceu suas mãos até os seus seios. Passou os dedos sobre os mamilos. Desceu-os, escorregando-os levemente pelo abdômen, até a virilha. Tocou-lhe de leve seu sexo. O sentiu quente, emudecido. Penetrou-a, delicadamente... Ele acendeu um cigarro, enquanto ela dobrava a esquina, indo embora. Ele continuou a andar, procurando outra, quiçá, dando-lhe a oportunidade de sonhar mais uma vez enquanto andava pela avenida.

The rolling of the stones! Yeah, baby!














Hoje é o dia Mundial do Rock and Roll. Yeah!

terça-feira, 12 de julho de 2011

As mãos pelos pés.

















Quando procurei suas mãos,


não as encontrei.


Ela, as havia escondido,


para que eu não as queimassem.


Assim, só me restaram seus pés,


que logo os transformei em brasas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Café com Cicuta II

















Depois de experimentar o famoso café com cicuta, resolvi arriscar um convite ao meu amigo:


“Que tal, mais tarde sairmos um pouco, poeta?” – disse arriscando receber um indiferente silêncio e ele me chamar a atenção para a roupa que um sujeito de bigodinho fino estava usando, mas Enzo olhou para mim e disse com sua usual elegância no falar:


“Meu querido anônimo, você está me cantando?” – perguntou, enquanto eu fiquei, por alguns instantes, entorpecido, sem palavras. Vendo o meu estado catatônico, ele continuou: “Brincadeira, anônimo. Só queria fazer a digestão de tantos cafés que tomei esta tarde, aqui nesse lugar chistoso. Claro, que quero sair, por que não? Aonde o amigo anônimo quer ir?” – disse ele, agora com uns dois centavos de dólar de sorriso no seu rosto jovial cheio de força, diferente do meu, cansado e sem a seiva da mocidade. Saí do transe do receio para sorriso dos felizes. “Às oito?”, “Sim, as oito”. ”No meu ou no seu hotel” – eu indaguei-o. “As oito no meu hotel.” – disse ele já distanciado algumas passadas da frente do café.


As oito, em ponto, eu estava na frente ao hotel onde Enzo estava hospedado. Chamava-se Judy Garland Hotel. Logo ele apareceu. Apertamos as mãos. Ele vestia um pulôver azul marinho que o deixava mais velho, mais sério. Não resisti e o elogiei: “O poeta está...” Ele me cortou e disse: “Sei, anônimo. Eu pareço mais sério com este pulôver. Ele foi um presente de um amigo de quando eu passei um aniversário em Londres. Ele pertenceu a Paul L. Monette. O amigo comprou num daqueles brechós incríveis de Camden Town. Você conhece Monette, anônimo? “Não. – eu disse lamentando minha ignorância. “Monette foi um marco em defesa do relacionamento entre homossexuais. Foi um magnífico ensaísta e também grande poeta. Vamos?” Eu confirmei com a cabeça e saímos caminhando. Ele não falou mais. Então lhe perguntei pra onde íamos. “Você é que me convidou, anônimo. Lembra?” “Claro. Claro. Humm... Já sei! Tem um lugarzinho a duas quadras daqui... Deixa eu ver estamos...Hummm...se virarmos a direita e depois á esquerda estaremos lá.”


Finalmente, chegamos ao tal lugarzinho que eu havia sugerido. Chamava-se “Losers”. Perdedores, em inglês. Eu o havia freqüentado algumas vezes que tivera em NY. Lá me sentia à vontade. Enzo olhou pro neon com o nome do café/bar e sorriu. Não perguntei nada. Sabia que aquele lugar o agradaria.


Entramos. Logo, sentimos o ambiente ao ouvir um piano tocando “Secret Love” imortalizada pela loirinha de Hollywood, Doris Day. Um garçom com cara de tristeza e profunda melancolia nos interpelou: “Buenas noches, señores. Quieren quedarse en el mostrador o en una mesa hay?” Eu olhei para Enzo que virou-se para olhar ao redor, me deixando a incumbência de escolher onde íamos ficar. “Una mesa, por favor.” – eu disse. “Por aquí.” O garçom nos guiou até uma mesa no canto, junto ao WC. Menos mal. Sentamos. “ Quieren tomar algo?” - disse o garçom. “Si, yo quiero una Bud, por favor” “Y para el señor?” Enzo olhou para sujeito como quem fosse lhe oferecer um desaforo amostra-grátis e disse: “Un jugo de Durazno con coca.” O garçom olhou pra ele, como lhe pedindo milhões de desculpas por ter que lhe perguntar mais uma vez: “Como, señor?! “Un jugo de Durazno con coca.” ”Sí, señor. Claro!”- disse o garçom sumindo por entre a fumaça e risozinhos dos presentes.


A música parou. Uma luz intensa focou um pequeno tablado do outro lado de onde estávamos. Um homem baixinho com gravata borboleta e óculos de aros de aço iniciou a fala que traduzo aqui: “Senhores, senhoras. Vamos iniciar o nosso sarau. Este é reduto dos escritores e poetas anônimos e fracassados de todos os cantos do mundo. Aqui estão e estarão sempre pessoas que sempre acreditaram que um dia pudessem ser um fracasso naquilo em que fazem. Pois eu digo: Por serem nada famosos é que os fazem ser grandes. Por aqui já passaram nomes que enveredaram para o outro lado. Esqueceram suas raízes de perdedores. Não nos faz falta. Que fiquem com os seus sucessos. Com os seus milhões de livros vendidos. Com as bajulações dos críticos da hora. Aqui estão e sempre estarão os puros fracassados. Os sem importância. Os mal vendidos. Os ineptos para os best-sellers... Losers, o microfone está aberto pra quem quiser começar.”


Enzo se levantou e sem precisar do microfone começou a declamar. Sua voz penetrou os ouvidos das pessoas como veneno de serpente na corrente sanguínea de um babuíno:


“A gorda na janela tampa o sol da manhã.


Nanô, o namorado, sempre lhe pedia:


fica na janela que eu quero te ver dando sombra à minha vida.


Todos os dias, a gorda postava-se à janela e sombreava a casa.


Só que para Nanô não bastava ver sua amada de costas.


Não bastava receber dela o frescor de sua sombra.


Nanô queria possuir aquela mulher como nenhum outro poderia.


Ele queria ser aquela mulher.


Tanto era o amor, que certa manhã ensolarada, a gorda sentiu um toque diferente.


Não o costumeiro toque de Nanô.


Ele pediu calma, calma que hoje vai ser melhor.


Aos poucos, Nanô foi se encostando, se amalgamando, se fazendo a gorda.


E ela gozando, suando, não pára, não pára.


Lá fora, o sol brilhava alto.


Dentro da casa, um corpo gordoamoroso passou a iluminar as paredes, os móveis, as roupas.


E a vida ali nunca mais conheceu a noite.

“A Gorda Sombra”, Rubens da Cunha.” – ele finalizou, mas ninguém o aplaudiu, já que era proibido aplausos ali. Estava escrito, em letras garrafais, na entrada. “FORBIDDEN TO APPLAUD!”.


Enzo sentou. Eu disse “Então, você gosta de Rubens da Cunha?” Ele bebeu um gole do seu pêssego com coca, limpou a boca com um guardanapo e, fumando um cigarro inexistente, deu uma tragada e respondeu: “Não. Eu o odeio!” Eu fiquei surpreso e não agüentei e insisti: “Mas, como? Por quê?” Ele inclinou-se e me disse quase sussurrando: “Ele ama Hilda Hilst!”. Eu fiquei mais confuso: “Mas poeta, você ama Hilda, também!” “Ele voltou-se a posição anterior e mais confortável. Apagou o “cigarro” num cinzeiro, este sim existente e falou: “Por isso mesmo, meu caro, anônimo. Eu A- M- O Hilda mais que ele!”


A noite se seguiu como eu já esperava. Silêncios, pêssegos com coca, Buds e alguns fracassados ao microfone. Ah, aqui e ali, uma musiqueta no piano, para descontrair os anódinos presentes.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Café com cicuta


















Outro dia, lendo um artigo do New York Times de 2001, que falava sobre escritores que não bebem e nem fumam, lembrei de um encontro, lá em Nova York, que tive com um amigo escritor.

Era um fim de tarde de Outono, de 2007, eu estava passeando pelas ruas da Big Appel, procurando alguns sebos, quando resolvi dar uma parada e beber um café. Os velhos e altos arranha-céus pareciam menos altos e mais velhos. Os taxis amarelos, naquela época do ano, pareciam menos amarelos e mais ocres. Do outro lado da rua, em cima de um prediozinho de cor amarronzada, um nome me chamou a atenção: “Cofee with Cicuta”. O Café era um espaçozinho bem engraçado com três mesinhas do lado de fora; todas ocupadas. Numa das mesas estava o poeta e escritor Enzo Potel. Eu fiquei super contente por vê-lo ali, tão longe de nossa terra brasilis. Fazia muito tempo que não o encontrava. A última foi em Singapura, em 2005, quando estive por aquelas plagas dando palestras para uma associação de sados masoquistas cegos e ele acompanhado de um grupo de nanoescritores da terceira idade. Resolvi atravessar a rua e ter com o meu amigo.

Enzo bebia alguma coisa, compenetrado, lendo uma edição do “A quarta Legião dos Malfadados Escritores Latinos Americanos Anônimos”, de Bárbara De La Vega, escritora, já falecida, nascida nas Ilhas Canárias; morrera aos 25 anos, atropelada por uma carroça de gerânios. Fui chegando por trás do amigo escritor e me sentei ao seu lado, silenciosamente. A princípio, ele não notou a minha presença, de tão compenetrado que estava com a sua leitura. Comecei a narrar um trecho que eu sabia de cor de um livro, cujo conteúdo ele abominava: “A vida útil dos Glutens em nós mesmos”. Senti que o amigo ficava cada vez mais incomodado ao longo de minha narrativa, até que ele desceu o livro que estava lendo na direção do colo e olhou para mim: “Só podia ser você!” – disse em latim arcaico, com uma mistura de satisfação e, quiçá, ódio, por estar sendo incomodado. Eu terminei o resto do trecho e o cumprimentei: “Caríssimo, poeta e escritor!” e ele: “Meu escritor anônimo!”. Trocamos um acanhado abraço. Perguntei o que ele fazia em Nova York naquela época do ano, já que ele costumava ir à Santa Helena no mesmo período, para lembrar dos tempos napoleônicos e tomar sol. Ele disse que fora convidado para uma noite de autógrafo do lançamento de seu mais novo livro, em inglês, “Color Pencils for Blinds”. Suas palavras, pela primeira vez, me pareciam sem convicção, secas, cruas e sem molho. Relevei e quis saber mais, afinal faziam anos sem uma prosa sequer. Enzo preferiu o silêncio. Então comecei a lembrar dos tempos em que discutíamos até a exaustão, Elliot, Balzac, Capote, Foucault, Engels, Homero, Simenon, Robbins, Tostoi, Blynton, G. White, Luluzinha e Bolinha, Rios e tantos outros, inclusive, Surfistinha, cujos originais estavam com ele e que seriam lançados somente em 2008. Enzo esperou que eu esgotasse todo o meu repertório de lembranças, sorriu e falou, amenamente: “Meu querido anônimo, você já reparou naquela tabuleta acima do portal de entrada?” – eu me virei e vi que estava escrito, em inglês, uma mensagem que agora traduzo: “Caso você não fique satisfeito, nós aumentamos a dosagem!”. Eu então perguntei: “Poeta e escritor, o que o caríssimo está bebendo?” Ele deu mais um gole na sua bebida, olhou na direção do garçom, que acabara de servir uma das mesas e disse pro jovem: “O Café estava bom, mas a cicuta fraca, fraca...”

O Magneto de Mauro Camargo


Pessoal, hoje é o dia do lançamento do mais novo livro de meu amigo, Mauro Camargo, O MAGNETO, na Casa de Cultura Dide Brandão. Infelizmente, não poderei comparecer ao evento, mas torso para que seja um sucesso e, com toda certeza, o será. Parabéns ao Mauro por mais esse trabalho.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Heil, Londrina!

















Como se já não bastasse a situação escandalosa de um professor da UFMA, por ter ofendido um aluno bolsista vindo de um nação estrangeira, agora essa aberração made in Londrina-PR. Sei que este tipo de situação não é nenhuma novidade por estas bandas sulistas. Isso me lembrou o filme Aleluia Gretchen de Sílvio Back. Vai de retro!
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OFENSAS


MP manda recolher livros com conteúdo racista em escolas de Londrina, no Paraná

Publicada em O GLOBLO 06/07/2011 às 14h56m

CURITIBA - O Ministério Público pediu à prefeitura de Londrina, no Paraná, o recolhimento de 13.500 livros distribuídos nas escolas municipais da cidade. Segundo o MP, os livros teriam expressões preconceituosas e racistas, além de erros gramaticais e de ortografia.

(LEIA TAMBÉM: MP investiga professor acusado de racismo contra aluno no Maranhão)

Segundo os promotores, são fotos, ilustrações e também poemas, que segundo o Foro das Entidades Negras de Londrina são preconceituosas. Parecer do Ministério Público, que ouviu representantes das entidades negras, além da professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), recomenda que a prefeitura recolha os livros até a próxima terça-feira.

O promotor de Saúde Pública, Paulo Tavares, disse que o Ministério Público concluiu que o conteúdo dessa coleção reforça o preconceito que sofrem os afrobrasileiros, os africanos e os indígenas, inclusive com conteúdo ofensivo à história e a cultura.

- O livro mistura essas culturas e traz ilustrações e fotos extremamente agressivas - diz o promotor.

No livro, há um texto que diz: "Cabelo duro, crespo, pixaim, piaçava, sarará, Bombril. Em resumo: cabelo ruim. Você já deve ter ouvido alguns desses adjetivos. Pergunte a todos os seus amigos (principalmente amigos negros) qual a relação que eles têm com o próprio cabelo e verá que 99% têm problemas em aceitá-lo. E o seu cabelo? Como é?", diz o texto do livro.

Em um poema, o texto diz que "uma borboleta, preta e parda, que saiu do casulo, achou-se tão feia que morreu de mágoa".

A prefeitura de Londrina ainda não se manifestou sobre o pedido de recolhimento dos livros. O Ministério público pode entrar até na Justiça para determinar que as obras sejam retiradas das escolas.

Só pra nunca esquecer, visse?















Pessoal, lendo um email enviado por uma querida amiga, falando sobre ser pernmabucano, me deparei com a sequinte frase que não sei a quem pertence e que mostra o quanto os pernambucanos são de fato orgulhosos de serem pernambucanos:

"VOCE PODE ATE TIRAR UMA PESSOA DE PERNAMBUCO, MAS NUNCA VAI CONSEGUIR TIRAR PERNAMBUCO DE DENTRO DE UMA PESSOA! "

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ah, bom, então tá!

























Bom, como deve ser feito, aqui vai a retratação do referido professor envolvido com a pior das atitudes que alguém pode ter contra outro semelhante:  a racista. Só espero que tudo seja devidamente esclarecido para o bem da UFMA, do professor e para, principalmente, o aluno que, vindo de outro país, esperava receber de nós brasileiros um tratamento fraterno e respeitoso.

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VI O MUNDO - Luiz Carlos Azenha - 2 de julho de 2011 às 14:39

Retratação pública do professor Cloves Saraiva

RETRATAÇÃO PÚBLICA

José Cloves Verde Saraiva, professor associado III da UFMA, vem mui respeitosamente pedir desculpas públicas a interpretação, certamente, dúbia do aluno nigeriano NUHU AYUBA, que durante as aulas de Cálculo Vetorial, no curso de Engenharia Química da UFMA, sentiu-se ofendido, e vem esclarecer este engano nos três itens seguintes:

1. Ao perguntar o seu nome não houve qualquer sentido jocoso, visto que sua pronúncia no seu idioma induz isto no nosso e que foi esclarecida por ele mesmo como o equivalente deste a NOÉ JOSUÉ.

2. Em conversa particular, referir-me ao Prêmio Nobel Nigeriano W. Soyinka sobre a frase “UM TIGRE NÃO DEFINE TIGRITUDE. UM TIGRE SALTA!” Quando me referi aos LEÕES AFRICANOS, que nas dificuldades de todo estrangeiro para o entendimento subjetivo de acusações preconceituais, esta não induz isso, pois sou também de cor Parda, assim como os meus familiares, e durante toda minha existência jamais proferiria tal insulto, principalmente para aluno.

3. Já referir-me em classe que “ser universitário é muita responsabilidade” e é costume dos alunos novatos (calouros) usarem as dependências da Universidade para outros fins fora do contexto educacional. Reclamei a você e aos outros colegas que não compareciam as aulas, nem fizeram os exercícios e, principalmente você, não compareceu ao PRÉ-TESTE e nem fez a sua 1ª Avaliação, além disso, não fez o PRÉ-TESTE da 2ª Avaliação, nem as suas notas de aula no caderno desta disciplina foram escritas e apresentadas até hoje. É lamentável! Faço o meu dever de professor cobrando o bom entendimento da disciplina, tendo formado excelentes alunos durante todo esse tempo, veja que a maioria dos seus colegas de classe cumpriram seus deveres e a turma passada não teve problemas deste tipo. Embora sabendo que você tem suas dificuldades naturais, como qualquer estrangeiro, deveria pelo menos se explicar, evitando interpretações errôneas sobre o seu atual comportamento como estudante da UFMA.

Firmo-me nestes termos públicos e receptivo a quaisquer outros esclarecimentos.

sábado, 2 de julho de 2011

Vai de retro!
























Gente, olha só a barbaridade que um dito professor (servidor público federal), Cloves Saraiva, cometeu com um, (provável estudante-convidado-bolsista) aluno, na Universidade Federal do Maranhão/UFMA.

Tem gente pra tudo até pra não ser gente! O Bolsonarismo está mesmo em volga neste país multi-racial! Vai de retro!
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VI O MUNDO / Luiz Carlos Azenha - 2 de julho de 2011 às 10:53

Professor manda estudante “voltar à África” e “clarear sua cor”

CARTA ABAIXO ASSINADO

Nós, estudantes do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Maranhão/UFMA, matriculados na disciplina Cálculo Vetorial, informamos que o professor Cloves Saraiva vem sistematicamente agredindo nosso colega de turma Nuhu Ayuba humilhando-o na frente de todos os alunos da turma. Na entrega da primeira nota o professor não anunciou a nota de nenhum outro aluno, apenas a de Nuhu, bradando em voz alta que “tirou uma péssima nota”; por mais de uma vez o professor interpelou nosso colega dizendo que deveria “voltar à África” e que deveria “clarear a sua cor”;em um outro trabalho de sala o professor não corrigiu se limitando a rasurar com a inscrição “está tudo errado” e ainda faz chacota com a pronúncia do nome do colega relacionando com o palavrão “no cu”; disse que o colega é péssimo aluno por que “somos de mundos diferentes” e que “aqui diferente da África somos civilizados” inclusive perguntando “com quantas onças já brigou na África?”. Nuhu não retruca nenhuma das agressões e está psicologicamente abalado, motivo pelo qual solicitamos que esta instituição tome as providências que a lei requer para o caso.

Favor divulgar em todas as redes pois o que está acontecendo aqui é comum em outras Instituições.

Cristina Miranda - Coordenadora do CEN/MA

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lápis de Cor para Daltônicos!




















Pessoal, no dia 03 de Julho, será o lançamento do livro de contos, Lápis de Cor para Daltônicos, de meu amigo poeta, ensaista, cronista, contista e outros istas, Enzo Potel. O livro é uma publicação da Papa-Terra e faz parte de  publicações artesanais da editora capitaneada pelo multi-cultural Cristiano Moreira. Por falar em Cristiano, a Dengo Dengo Cartonaria fez uma turnê pelo planalto e Oeste do Estado; um sucesso! 

Voltando ao livro de contos de Potel, informo que o evento acontecerá na Feira d Livro, em Jaraguá do Sul/SC. Se outro importante compromisso não o levar, Potel estará presente ao evento e todos poderão ter um "taquinho" de prosa com ele.