sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Descontraindo 2

Genteminha, mais uma música para descontrair antes do fim de semana e, dessa vez é na voz maravilhosa de Marina De La Riva, pérola misturada de Brasil e Cuba:

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Lá se foi João Scalabrini


É difícil falar da morte de alguém que você conhece. Mesmo assim, me sinto no dever de fazê-lo. Trata-se da morte de João Scalabrini, um paulistano que conheci quando cheguei a Chapecó, SC, há mais ou menos três anos.

Meio que aposentado ( ainda era jovem pra isso), dedicou-se a cuidar de uma charutaria e revistaria em uma das lojas de um grande supermercado local. Quando nos conhecemos, ele estava um tanto insatisfeito com a vida. Era por natureza um homem de vendas, dizia. Trabalhou nesse mister  por muito tempo em São Paulo, sua cidade natal. Conversávamos sobre os bons tempos lá na capital paulistana. Ele passou sua infância e adolescência ali próximo do aeroporto de Congonhas, numa época em que eu também fui morar por aquelas bandas, no idos de 1974. Era sempre agradável a conversa com João. Centrado, ponderado quanto às coisas da política, nunca exacerbava a sua condição de paulistano em uma cidade provinciana como Chapecó. Numa das últimas vezes em que nos encontramos, combinamos tomar um chope juntos, depois do expediente. Fui para Itajaí e quando retornei, fui visitá-lo. Ele me deu a notícia de que havia entregado o currículo em algumas empresas. Quiçá, pudesse sair da monotonia do dia a dia de seu pequeno negócio. Queria voltar a vender. Viajar. Eu achei muito legal e lhe desejei boa sorte.

O tempo passou eu fui pra Itajaí e lá fiquei por um bom tempo. Voltando a Chapecó mais uma vez, o encontrei num sábado e ele me deu a noticia de que estava numa empresa. A sua cara era de muita satisfação, mesmo fazendo algumas ressalvas, mas, como dizia, tudo era lucro àquela altura do campeonato. Aliás, por falar em campeonato, João era Palmeirense, assim como outro bom paulistano o Pedro Evangelista, outro amigo de boa cepa, que viveu em Itajaí e que vejo de quando em vez. 

Saí de Chapecó sabendo de seu novo projeto de vida e com a esperança de que, quando voltasse, o encontraria para aquele chope combinado. Porém, quando fui hoje (28/08/2012) a sua lojinha, recebi a notícia de seu falecimento. Aliás, prematuro, pois João estava ainda na faixa dos 50 anos. Sua esposa, com sobriedade, me relatou como foi a sua ida de uma hora pra outra. Fazia quinze dias que ele tinha ido. Ela encheu os olhos de lágrimas quando me falou: “ João deve estar chateado por não ter ido para aquele chope com você.” Meus olhos encheram-se e tive que me despedir. Saí e fui derramar meu pesar fora das vistas dela.

Espero que João tenha tido algum momento de prazer e felicidade ao retornar pra a atividade em que se realizava, vendas.

Um grande abraço, João.

PS: Eu acho que os entes queridos de nossos amigos que acabaram de morrer deveriam lhe dar a notícia assim:  “O fulano? Ah, ele viajou. E  não deixou endereço pra onde ia? Não.”

Só assim continuamos a ter esperanças de vê-los em algum lugar, um dia.

sábado, 25 de agosto de 2012

Pelo sim, pelo não...


Pelo sim, pelo não...
Cleonice viu o jornal que estava na mesinha de centro, enquanto encostava a vassoura no sofá. Hesitou por um momento... Ajoelhou-se e começou a folhear as páginas. Sua curiosidade a fazia avançar mais e mais por entre as fotos e os cabeçalhos de cada uma das colunas expostas. Uma manchete, em particular lhe chamou a atenção: “Mulheres revindicam seu lugar na sociedade” e logo abaixo uma foto de várias mulheres segurando uma faixa com as palavras “PUSSY RIOT”. Cleonice parou ali, naquela página. Olhou para o relógio de parede. Pensou... ”Tenho tempo, ora essa.” Ariosto nunca chegava antes de meio dia para o almoço. Além do mais, o feijão e o arroz estavam prontos, só faltava a carne que ficava para mais perto da chegada do marido.
Começou sua leitura devagar, como era de esperar de alguém não tinha muita facilidade com o hábito da leitura, mas ela sabia ler. Fez o primário completo, inclusive o exame de admissão.
Ariosto chegou no horário habitual. Foi fazer xixi. Lavou as mãos. Retirou o paletó e o colocou na cadeira onde costumava sentar-se à mesa. Afrouxou a gravata e prendeu o guardanapo no pescoço, ajustou-se na cadeira, mas algo chamou sua atenção... A mesinha de centro. O jornal estava espalhado! Aquilo nunca acontecera antes. Ele fez de conta que nada havia acontecido.
Cleonice serviu-lhe, primeiro a salada, que Ariosto comeu com maior rapidez que antes, o que provocou este comentário dela: “Chegaste mesmo com fome, né, Ari?” Ariosto apenas respondeu com um muxoxo. Não demorou, ele havia devorado as hortaliças e esperou para que ela lhe servisse as demais iguarias dispostas à mesa. Cleonice sabia que algo não estava bem com marido. Alguma coisa o estava incomodando e deixando ansioso. Ao vê-lo olhar para o jornal por diversas vezes, ela então compreendeu que havia cometido um grande erro: “Xi, mexi, no jornal!” Se havia uma coisa que deixava Ariosto pê da vida era alguém mexer antes dele no jornal. Ele ficava uma fera e ela sabia disso.
Finalmente, ele mal terminou o almoço, jogou o guardanapo na mesa. Pegou o paletó, vestiu, ajeitou a gravata e já na soleira da porta como um sargento aos noviços do quartel exclamou: “Hoje vou sair com os rapazes do arquivo morto e não tenho hora pra chegar!” Mas teve tempo de ouvir Cleonice dizer: “Ô, Ari, cê já ouviu falá num tal de PUSSY RIOT?
Ariosto chegou por volta das seis e meia em casa, como de costume e ainda teve tempo de passar na padaria dos irmãos Potel para comprar umas bombinhas de chocolate que a “Cléo” adorava.
(por Hélio Jorge Cordeiro 25/08/2012)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Brasil, país traído

Pessoal, leiam este magnífico e indignado artigo do grande jornalista Mino Carta que reproduzo aqui, tirado do blog Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim:

Publicado em 24/08/2012

Mino:
Brasil, país traído

O Brasil não é o que merece ser, e está muito longe de ser, por causa de tanto descaso, de tanto egoísmo, de tanta ferocidade.

 (O Conversa Afiada reproduz editorial do Mino, na Carta Capital chega às bancas nesta sexta-feira)

O País traído

Em São Paulo, tempos ásperos. Leio: uma residência particular é assaltada a cada hora, o roubo de carros multiplica-se nos estacionamentos dos shopping centers. Entre parênteses, recantos deslumbrantes, alguns são os mais imponentes e ricos do mundo. Que se curva. Um jornalão, na prática samaritana do serviço aos leitores, fornece um receituário destinado a abrandar o risco. Reforce as fechaduras, instale um sistema de alarme etc. etc.

Em vão esperemos por algo mais, a reflexão séria de algum órgão midiático, ou de um solitário editorialista, colunista, articulista, a respeito das enésimas provas da inexorável progressão da criminalidade. Diga-se que uma análise honesta não exige esforço desumano, muito pelo contrário.

Enquanto as metrópoles nacionais figuram entre as mais violentas do mundo, acima de 50 mil brasileiros são assassinados anualmente, e um relatório divulgado esta semana pelas Nações Unidas coloca o Brasil em quarto lugar na classificação dos mais desiguais da América Latina, precedido por Guatemala, Honduras e Colômbia. O documento informa que 28% da população brasileira mora em favelas, sem contar quem vive nos inúmeros grotões do País.

Vale acrescentar que mais de 60% do nosso território não é alcançado pelo saneamento básico. Ou sublinhar a precariedade da saúde pública e do nosso ensino em geral. Dispomos de uma cornucópia maligna de dados terrificantes. Em contrapartida, capitais brasileiros refugiados em paraísos fiscais somam uma extravasante importância que coloca os graúdos nativos em quarto lugar entre os maiores evasores globais.

É do conhecimento até do mundo mineral que o desequilíbrio social é o maior problema do País. Dele decorrem os demais. Entrave fatal para o exercício de um capitalismo razoavelmente saudável. E evitemos tocar na tecla do desenvolvimento democrático. Mas quantos não se conformam? Não serão, decerto, os ricos em bilhões, e a turma dos aspirantes, cada vez mais ostensivos na exibição de seu poder de compra e de seu mau gosto. Não serão os profissionais da política, sempre que não soe a hora da retórica. Não será a mídia, concentrada no ataque a tudo que se faça em odor de PT, ou em nome da igualdade e da justiça.

Nada de espantos, o Brasil ainda vive a dicotomia casa-grande–senzala. CartaCapital e especificamente o acima assinado queixam-se com frequência do silêncio da mídia diante de situações escusas, de denúncias bem fundamentadas, de provas irrefutáveis de mazelas sem conta. Penso no assunto, para chegar à conclusão de que há algo pior. Bem pior. Trata-se da insensibilidade diante da desgraça, da miséria, do atraso. Da traição cometida contra o País que alguns canalhas chamam de pátria.

Exemplo recentíssimo. Há quem lamente os resultados relativamente medíocres dos atletas brasileiros nas Olimpíadas de Londres. Parece-me, porém, que ninguém se perguntou por que um povo tão miscigenado, a contar nas competições esportivas inclusive com a potência e a flexibilidade da fibra longa da raça negra, não consegue os mesmos resultados alcançados em primeiro lugar pelos Estados Unidos. Ou pela Jamaica. Responder a este por que é tão simples quanto a tudo o mais. O Brasil não é o que merece ser, e está muito longe de ser, por causa de tanto descaso, de tanto egoísmo, de tanta ferocidade. De tanta incompetência dos senhores da casa-grande. Carregamos a infelicidade da maioria como a bola de ferro atada aos pés do convicto.

Mesmo o remediado não se incomoda se um mercado persa se estabelece em cada esquina. Basta erguer os vidros do carro e travar as portas. Outros nem precisam disso, sua carruagem relampejante é blindada. Ou dispõem de helicóptero. Impávidos, levantam seus prédios como torres de castelos medievais e das alturas contemplam impassíveis os casebres dos servos da gleba espalhados abaixo. A dita classe média acostumou-se com os panoramas da miséria, com a inestimável contribuição da mídia e das suas invenções, omissões, mentiras. E silêncios.

Às vezes me ocorre a possibilidade, condescendente, de que a insensibilidade seja o fruto carnudo da burrice.


Mino Carta

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

É tempo das flores, é tempo de votar!

Brasileiros do Brasil, as eleições se aproximam e com elas os nossos mais profundos temores! Pensem, pensem e continuem pensando até cansar. Se não encontrar um nome digno de seu agrado e ideal, vote no menos pior, pois o voto ainda é uma arma contra a tirania.  Assim como uma caneta envenenada é mais poderosa que uma espada cega, o nosso voto pode fazer toda a diferença entre um candidato ruim e um péssimo candidato.
Aqui estão algumas sugestões:

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Jóias da música na porta de casa!









Pessoal, saindo um pouco dos escritos umbilicais, lembrei de três maravilhas que a cidade de Itajaí,SC, tem: são as cantantes aí das fotos - pela ordem, Karla Silva, Giana Cervi e Bárbara Damásio -  e que são incríveis. Se alguém fora de Itajaí nunca as ouviu, que faça logo, por que eu, bem, eu sou um privilegiado!

Bárbara:http://www.youtube.com/watch?v=RD6kx0bFLog

Giana:http://www.youtube.com/watch?v=3SIQae7NGNo

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Começos de narrativas 4











Pessoas, sem descansar nem mesmo para sentir se ando bem da cabeça com essa brincadeira,  resolvi arriscar mais um começo:
Tomem lá:
"Foi nas férias de 58 que nos encontramos todos na casa do avô Machado. Meus primos chegaram primeiro: Judite, Dalva, Frederico e Luigi. Eu cheguei no dia seguinte. A casa era grande: quatro quartos na parte inferior e quatro na superior, onde ficávamos!

Todos acomodados e com as devidas recomendações de meus pais e dos meus tios, começamos a planejar o que iríamos fazer. A primeira coisa era preparar os cavalos.  Sebastião, o tratador dos animais, já havia providenciado tudo: um cavalo para cada um de nós. Dormimos cobertos de ansiedade.

Acordamos bem cedinho. Café da manhã tomado, cavalgamos beirando o rio, costeando a mata. A mais ou menos uma légua de casa, paramos para descansar num capão, numa pequena clareira. Foi quando nos demos conta de que Luigi, que vinha logo atrás da gente, havia sumido. Campeamos e gritamos por ele. Nada. As meninas, Dalva e Judite, ficaram nervosas e Dalva queria voltar para contar ao avô o ocorrido, mas nós a dissuadimos. Foi então que um grito agudo ecoou pela mata... "

sábado, 18 de agosto de 2012

Começos de narrativas 3














Genteminha, cá está mais um escrito que, tal qual alma sem rumo, se apresenta à procura de uma vida plena com meio e fim.
Lá vai:

"Conheci Cecília Fanguetto quando ela se apresentou no teatro Vasquez, em Abril de 1958, num recital para poucas pessoas da sociedade de Cádiz.  Sua voz suave e límpida era como o som de um regato longínquo dos Alpes. Olhar de calmaria, nos observava a todos no salão principal do velho e decrépito teatro, que, mais tarde, seria demolido.

Fim da apresentação. Aplausos contidos, mas intensos. Corri para cumprimentá-la. Espremi-me por entre um grupelho de senhoras, criaturinhas beneméritas que fariam suspirar qualquer alcaide ou bispo e, finalmente, alcancei-a. Suava, mas mal se podiam ver as gotículas salgadas a escorrer-lhe por sobre a pele delicada. Olhou-me sorrindo. Aproximei-me  – “Eu sou Elizabeth Dalton. Sou sua fã. Adoro sua voz.” – eu disse. Ela, puxando-me pelo braço, arrastou-me para dentro do camarim e, trancando a porta atrás de nós, confirmou tudo aquilo que seus olhares em minha direção, na sua performance, queriam dizer... Beijou-me como nenhum homem havia feito até então."

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Começos de narrativas 2






















Persone,  tentar ser um escritor de mil começos é mesmo um capricho, às vezes sem resultados. Assim, sigo, sendo atraente, o non, neste mister.

Chiao bambini!

Ecco qua:

"Ainda hoje me lembro de suas mãos a tocar-me. Olhava-o nos olhos, mas ele não tinha coragem de olhar-me. Os anos passaram-se e ele envelheceu em meu coração, em meus mais íntimos sentimentos de menino só, isolado do mundo das crianças, como um prisioneiro numa ilha remota descrita por Stevenson. Hoje sem ele a me dizer quem eu sou, fica difícil adivinhar quem eu sou. Às vezes, penso que não há espaço para alguém como eu nesse mundinho que mal cabe numa cabeça de um alfinete, diria uma costureira da Finlândia. Fiz-me homem, é verdade, mas que tipo de homem eu venho sendo? Gostaria de amar e ser amado. Era como ele parecia fazer-me sentir naqueles tempos quando eu era apenas um menino. Na verdade, não consigo amar e nem quero ser mais amado. Anos depois...
Eric beijou-me como sempre fazia quando nos encontrávamos. Para ele, não importava onde estávamos. Era como se ele dissesse: - “Olha aqui, eu ainda viveria com esse cara por mais uma eternidade!”. Ele olhou-me com carinho, mas havia ali, naquele olhar, alguma coisa que não parecia estar bem. Havia nele a cor da maldade... A cor que eu jamais esqueci."

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Começos de narrativas


Gente feliz, por outras e por umas, resolvi começar a narrar os começos de histórias que nunca serão escritas por mim nem muito menos por ôces. Que bom brincar de Deus, digo, de escritor!

Lá vai:

"Quando eu era pequeno, ouvia falar que as baratas iriam herdar o mundo. Hoje, adulto, vejo que essa história tinha um fundo de verdade, uma vez que convivo com algumas poucas pessoas que corroboram essa ideia, fazendo dela uma verdade sólida, consistente.

Walter, Judy, Leonor, Rafael, Thomaz e Sidney são estas pessoas. A maioria, profissionais liberais. Walter, consultor de empresas; Judy, desenhista de moda; Leonor, escritora; Rafael, publicitário; Thomaz, bem este nunca teve uma profissão, fez de tudo um pouco e Sidney, que é músico. Todos eles convivem comigo há mais de 25 anos e posso dizer com segurança que os conheço muito bem.

Para justificar o que disse acima, tudo começou quando Rafael propôs que todos nós viajássemos juntos, para fazermos o Caminho de Santiago. E no dia 12 de Fevereiro de 1999, saímos de Buenos Aires com destino à Espanha."


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Idiotas produzem idiotas























Gente, olha só o que pesquei no site Viomundo do jornalista Luiz Carlos Azenha. Foi pesada esta declaração do Ziraldo, mas verdadeira. Estamos, a cada dia, produzindo idiotas e é por essas e por outras que a grande mídia e os parlamentares em Brasília nos fazem de idiotas, mesmo que não aceitemos tal elogio. Vai ver que já somos!

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Ziraldo: “Muitos pais não percebem, mas seus filhos se tornaram idiotas”

publicado em 14 de agosto de 2012 às 19:10

Guilherme Solari
Do UOL, em São Paulo

Uma breve conversa de 15 minutos com Ziraldo na Bienal Internacional do Livro de São Paulo acaba passando por temas como literatura, colonização brasileira, marketing, UFC, novas tecnologias, casos de família e até mesmo um pouco sobre os seus lançamentos na feira.

Aos 80 anos e em sua 16ª Bienal, o pai do Menino Maluquinho não cessa de enfatizar a importância de feiras literárias e do próprio livro para enfrentar o que ele considera em “emburrecimento” endêmico da sociedade.

“A família brasileira não lê. Nós temos a internet que pode ser a fonte da vida e do conhecimento, mas o computador é usado como brinquedo. Muitos pais não percebem, mas seus filhos se tornaram idiotas”, disse Ziraldo ao UOL. “Bote um livro na mão do seu filho e ensine o domínio da leitura. Se ele não dominar isso, só vai dar certo se souber jogar futebol ou dar porrada muito bem para entrar nesse UFC”.

Ziraldo mostra não aprovar o sucesso das competições de artes marciais mistas. “Liguei a TV de madrugada outro dia e vi dois seres se esfregando. Achei que fosse pornografia. E aí o chão começou a se encher de sangue como se tivesse rompido o hímen. Só depois percebi que era essas lutas”, contou Ziraldo.

Apesar de ser autor de obras que marcaram seguidas gerações de crianças brasileiras, Ziraldo diz que não se considera um narrador. “Não tenho um talento como o de Thalita Rebouças ou da autora do Harry Potter”, falou. “Eu parto de uma ideia simples como uma ilustração e tento fechá-la com chave de ouro, como fazia quando trabalhava no marketing”.

“O livro é o objeto mais perfeito da história da humanidade”, defendeu Ziraldo. “Você carrega a história em suas mãos, sente o cheiro do papel, o tempo que você vira uma página é um tempo que percorre na história. O livro contém vida e isso não pode ser substituído por algo frio e digital”.

Quando perguntado sobre o que mudou em sua comunicação com as crianças em todos os anos de literatura infantil, Ziraldo responde: “Não mudou nada. Os tempos e as tecnologias podem mudar, mas a criança não muda nunca”. Ziraldo lança na feira “O Grande Livro das Tias” (Melhoramentos), homenagem às tias e sua importância na infância.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ditadura do proletariado em Gotham City

















Gente, li outro dia, no blog da boitempo, um artigo intitulado "Ditadura do proletariado em Gotham City: Artigo de Slavoj Žižek sobre “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, que poderia ter reproduzido aqui, mas é um pouco longo. Assim, resolvi, apenas, divulgar o link. A idéia defendida por Zizek é excelente, principalmente, para aqueles que assistiram ao filme de Christopher Nolan. Vale a pena conferir.

Aqui está o link:
http://boitempoeditorial.wordpress.com/2012/08/08/ditadura-do-proletariado-em-gotham-city-artigo-de-slavoj-zizek-sobre-batman-o-cavaleiro-das-trevas-ressurge/

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Fins de narrativas 4











É mesmo muito chato brincar sozinho, mas eu continuo pelo bem do meu bom humor e pelo estado de graça em que me encontro:

"Na manhã seguinte, a estação de Thionville estava coberta por uma névoa espessa. Uma multidão se acotovelava na plataforma; sorrisos, lágrimas, acenos agitados, lenços tremulando dentro e fora dos vagões, esperanças contidas, desejos findos e Paris como destino.
Jean-Louis pousou sua maleta no chão; duas mudas de roupa, dois livros, seu caderno de anotações e o retrado de Amélia Padou.  Retirou o bilhete de embarque do bolso do paletó, olha-o com cuidado: Thionville – Paris. Observou a multidão ao seu lado. “Insectes fous!”- balbuciou. Amélia viria? Perguntou-se.  O silvo do apito do guarda freios e o chiado forte dos pistões, aumentaram sua dúvida. Shiii! Vupf, vupf, vupf... Vapores intensos.
Pedaços rasgados do bilhete de embarque de Jean-Louis espalharam-se na plataforma, enquanto o trem desaparecia por entre a bruma daquela manhã cinza de Outubro de 1939."

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os senhores das armas














Gente, olha só que matéria interessante eu extrai do blog do Luís Nassif.

Enviado por luisnassif, sex, 10/08/2012 - 09:11
Por Frank
Do Adital
Amigos:
Desde que Caim enlouqueceu e matou Abel sempre houve humanos que, por uma razão ou outra, perdem a cabeça temporária ou definitivamente e cometem atos de violência. Durante o primeiro século de nossa era, o imperador romano Tibério gozava, jogando suas vítimas na ilha de Capri, no Mediterrâneo. Gilles de Rais, cavalheiro francês aliado de Joana D’Arc, na Idade Média, um dia, enlouqueceu e acabou assassinando centenas de crianças. Apenas umas décadas depois, Vlad, o Empalador, na Transilvânia, tinha inúmeros modos horripilantes de acabar com suas vítimas; o personagem de Drácula foi inspirado nele.
Em tempos modernos, em quase toda as nações há um psicopata ou dois que cometem homicídios em massa, por mais estritas que sejam suas leis em matéria de armas: o demente supremacista branco, cujos atentados na Noruega cumpriram um ano nesse domingo; o carniceiro do pátio escolar em Dunblane, Escócia; o assassino da Escola Politécnica de Montreal; o aniquilador em massa de Erfurt, Alemanha...; a lista parece interminável. E agora o atirador de Aurora, na sexta-feira passada. Sempre houve pessoas com pouco juízo e prudência e sempre haverá.
Porém, aqui reside a diferença entre o resto do mundo e nós: aqui acontecem DUAS Auroras a cada dia de cada ano! Pelo menos 24 estadunidenses morrem a cada dia (de 8 a 9 mil por ano) em mãos de gente armada, e essa cifra inclui os que perdem a vida em acidentes com armas de fogo ou os que cometem suicídio com uma. Se contássemos todos, a cifra se multiplicaria a uns 25 mil.
Isso significa que os Estados Unidos são responsáveis por mais de 80% de todas as mortes por armas de fogo nos 23 países mais ricos do mundo combinados. Considerando que as pessoas desses países, como seres humanos, não são melhores ou piores do que qualquer um de nós, então, por que nós?
Tanto conservadores quanto liberais nos Estados Unidos operam com crenças firmes a respeito do "porquê” desse problema. E a razão pela qual nem uns e nem outros podem encontrar uma solução é porque, de fato, cada um tem a metade da razão.
A direita crê que os fundadores dessa nação, por alguma sorte de decreto divino, lhes garantiram o direito absoluto a possuir tantas armas de fogo quanto desejem. E nos recordam sem cessar que uma arma não dispara sozinha; que "não são as armas, mas quem mata são as pessoas”.
Claro que sabem que estão cometendo uma desonestidade intelectual (se é que posso usar essa palavra) ao sustentar tal coisa acerca da Segunda Emenda porque sabem que as pessoas que escreveram a Constituição unicamente queriam assegurar-se de que se pudesse convocar com rapidez uma milícia entre granjeiros e comerciantes em caso de que os britânicos decidissem regressar e semear um pouco de caos.
Porém, têm a metade da razão quando afirmam que "as armas não matam: os estadunidenses matam!”. Porque somos os únicos no primeiro mundo que cometemos crimes em massa. E escutamos estadunidenses de toda condição aduzir toda classe de razões para não ter que lidar com o que está por trás de todas essas matanças e atos de violência.
Uns culpam os filmes e os jogos de videogame violentos. Na última vez em que revisei, os videojogos do Japão são mais violentos do que os nossos e, no entanto, menos de 20 pessoas ao ano morrem por armas de fogo naquele país; e em 2006 o total foi de duas pessoas! Outros dirão que o número de lares destroçados é o que causa tantas mortes. Detesto dar-lhes essa notícia; porém, na Grã-Bretanha há quase tantos lares desfeitos, com um só dos pais assumindo o cuidado dos filhos quanto nos EUA; e, no entanto, em geral, os crimes cometidos lá com armas de fogo são menos de 40 ao ano.
Pessoas como eu dirão que tudo isso é resultado de ter uma história e uma cultura de homens armados, "índios e vaqueiros”, "dispara agora e pergunta depois”. E se bem é certo que o genocídio de indígenas americanos assentou um modelo bastante feio de fundar uma nação, me parece mais seguro dizer que não somos os únicos com um passado violento ou uma marca genocida.
Olá, Alemanha! Falo de ti e de tua história, desde os hunos até os nazistas, todos os que amavam uma boa carnificina (tal qual os japoneses e os britânicos, que dominaram o mundo por centenas de anos, coisa que não conseguiram plantando margaridas). E, no entanto, na Alemanha, nação de 80 milhões de habitantes, são cometidos apenas 200 assassinatos com armas de fogo ao ano.
Assim que esses países (e muitos outros) são iguais a nós, exceto que aqui mais pessoas acreditam em Deus e vão à Igreja mais do que em qualquer outra nação ocidental.
Meus compatriotas liberais dirão que se tivéssemos menos armas de fogo haveria menos mortes por essa causa. E, em termos matemáticos, seria certo. Se temos menos arsênico na reserva de água, matará menos gente. Menos de qualquer coisa má –calorias, tabaco, reality shows- significará menos mortes. E se tivéssemos leis estritas em matéria de armas, que proibissem as armas automáticas e semiautomáticas e prescrevessem a venda de grandes magazines capazes de portar milhões de balas, atiradores como o de Aurora não poderiam matar a tantas pessoas em pouquíssimos minutos.
Porém, também nisso há um problema. Há um montão de armas no Canadá (a maioria rifles de caça) e, no entanto, a conta de homicídios é de uns 200 ao ano. De fato, por sua proximidade, a cultura canadense é muito similar à nossa: as crianças têm os mesmos videojogos, veem os mesmos filmes e programas de TV; mas, no entanto, não crescem com o desejo de matar uns aos outros. A Suíça ocupa o terceiro lugar mundial em posse de armas por pessoa; porém, sua taxa de criminalidade é baixa. Então, por que nós? Formulei essa pergunta há uma década em meu filme ‘Tiros em Columbine’, e esta semana tive pouco que dizer porque me parecia ter dito há dez anos o que tinha que dizer; e acho que não fez muito efeito; exceto ser uma espécie de bola de cristal em forma de filme.
Naquela época eu disse algo, que repetirei agora:
1. Os estadunidenses somos incrivelmente bons para matar. Acreditamos em matar como forma de conseguir nossos objetivos. Três quartos de nossos Estados executam criminosos, apesar de que os Estados que têm as taxas mais baixas de homicídios são, em geral, os que não aplicam a pena de morte.
Nossa tendência a matar não é somente histórica (o assassinato de índios, de escravos e de uns e outros na guerra "civil”): é nossa forma atual de resolver qualquer coisa que nos inspira medo. É a invasão como política exterior. Sim, lá estão Iraque e Afeganistão; porém, somos invasores desde que "conquistamos o oeste selvagem” e agora estamos tão enganchados que já não sabemos o que invadir (Bin Laden não se escondia no Afeganistão, mas no Paquistão), nem porque invadir (Saddam não tinha armas de destruição massiva, nem nada a ver com o 11-S). Enviamos nossas classes pobres para fazer matanças, e os que não temos um ser querido lá, não perdemos um só minuto de um só dia em pensar nessa carnificina. E agora, enviamos aviões sem pilotos para matar (drones), aviões controlados por homens sem rosto em um luxuoso estúdio com ar condicionado em um subúrbio de Las Vegas. É a loucura!
2. Somos um povo que se assusta com facilidade e é fácil de ser manipulado pelo medo. De que temos tanto medo, que necessitamos ter 300 milhões de armas de fogo em nossas casas? Quem vai machucar? Por que a maior parte dessas armas se encontra nas casas de brancos, nos subúrbios ou no campo? Talvez, se resolvêssemos nosso problema racial e nosso problema de pobreza (uma vez mais, somos o número um com maior número de pobres no mundo industrializado) teria menos pessoas frustradas, atemorizadas e encolerizadas estendendo a mão para pegar a arma que guardam na gaveta. Talvez, cuidaríamos mais uns dos outros (aqui vemos um bom exemplo disso).
Isso é o que penso sobre Aurora e sobre o violento país do qual sou cidadão. Como mencionei, disse tudo nesse filme e se quiserem, podem assisti-lo e partilhá-lo sem custo com os demais. E o que nos faz falta, amigos meus, é valor e determinação. Se vocês estão prontos, eu também.
[Tradução do inglês para o espanhol: Jorge Anaya - Fonte original: jornada.unam.mx, publicado pela Adital]. http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=69447

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Fins de narrativas 3

Pessoal, enquanto ninguém se habilita, vou caminhando com as minhas loucuras.

Aqui vai:

"Desiludida, não hesitou. Aproximou-se do penhasco. Divisou ao longe as planícies de Montana. Um vento soprou forte, revoltando seus cabelos loiros e suas três saias rendadas. Desejou que ele trouxesse Bob outra vez aos seus braços. Seu corpo pendeu para frente lentamente em direção ao vazio e a inevitável morte. Jaqueline fechou os olhos e deixou-se cair, mas, algo se prendeu a sua cintura e aos seus braços, tirando-lhe o fôlego.
Uma corda tensionada puxou-a para cima.  Na outra ponta ela viu Bob, montado em Dude. O cowboy desamarrou a corda da sela e desmontou. Aproximou-se de Jaqueline. Levantou-a e desenlaçou-a. Olhou fundo praqueles olhinhos azuis, cuspiu o pedaço de fumo que trazia a boca há várias horas e beijou Jaqueline, ardentemente, enquanto o relinchar de Dude que empinava em puro regozijo, ecoava pelas planícies Sioux."

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Fins de narrativas 2












Pessoal, já que ainda não tive resposta a minha brincadeirinha, vou postando mais um fim de uma suposta narrativa só pra não ficar enferrujado.
Aqui vai:
“Adélia levantou-se. Foi até a cozinha. O relógio no topo da parede dizia 8:35. Abriu a geladeira e retirou uma maçã. Não costumava fazer isso. Não comia pelas manhãs. Deu uma mordida e a deixou sobre o balcão.  Olhou-se no espelho do corredor. Olhos extremamente inchados.
Na sala, abriu a cortina. Uma claridade  intensa. Sorriu. Sentiu os olhos. A luminosidade lhe incomodava. Procurou pelo seu gato. Não o achou. “ Será que o deixei lá fora ontem a noite?” Não arriscou sair para procurá-lo.  Adélia sentou-se na velha cadeira de balanço. Procurou ficar bem confortável. Olhou em volta. Tudo continuava igual de quando chegou naquela casa há 35 anos, menos a presença de Erasmo.  Olhou para um bilhete que trazia guardado no sutiã. Deixou-o cair no assoalho.
Adélia concentrou-se  num sibilar que vinha da cozinha e adormeceu com um sorrisozinho no rosto, lembrando-se da sorte que teve o gato naquela manhã.”