quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Um pouquinho da A Noiva do Porto



(…) Cidade do Porto, Portugal, Outono. Era uma daquelas manhãs majestosas, de se fazer acreditar que o mundo foi criado durante uma delas. Se todo o céu fosse derramado sobre a cidade, tingiria o Porto de um azul anil jamais visto em nenhuma escala de cores de que se tem conhecimento.

Em Vila Nova de Gaia, do outro lado do Douro, a luz da manhã iluminava os casarios das caves das companhias de vinhos, criando um cenário único, digno de uma pintura dos grandes mestres. O céu permaneceu assim, limpo, luminoso, incandescente, por toda aquela manhã. 

A tardinha foi chegando mansamente, preguiçosa. Com ela, chegaram os pássaros, que, aos bandos, se recolhiam em grandes revoadas aos seus aconchegantes ninhos, distribuídos pelos galhos das árvores e por entre as brechas dos telheiros dos casarios centenários, morro acima do cais. Enquanto isso, os Rebelos findavam suas tarefas por aquele dia e se aconchegavam nas paredes do cais da Ribeira.

Então, finalmente, chegou a noite. Soprava uma friezazinha gostosa, daquelas em que sempre nos apetece uma taça ou mais de um tinto, nesse caso tripeiro que, acompanhado ou não, é mais que um dileto conluiado.

As luzes logo iluminaram a Ribeira, ao longo de suas ruas, de suas vielas e de seu cais. O Douro, como um espelho vivo, passou a refletir todas elas em ambas as margens, multiplicando-as por todo o velho bairro, em seus carcomidos casarios com frontarias de granito. Assim também reverberavam de brilhos um lado e o outro da ponte Dom Luís, revelando diversos espectros, em suas ferragens, que não se costuma ver à luz do dia. As luzes seguiam iluminando o Douro até onde ele banha o mar, e iam se diluindo por entre as marolas sequenciadas, que prenunciavam noite de maré alta.

Na Ribeira, havia uma velha pensão de fachada de granito encardido, onde morava todo o tipo de gente: estudantes, trabalhadores de todas as profissões, rufiões travestidos de bons-moços e raparigas de reputações impolutas, ou quase isso. Aquele pardieiro não era o único com esses tão díspares habitantes.
No primeiro andar da deletéria edificação, havia um quarto, entre tantos outros, onde morava a personagem dessa história. (...)

Ta chegando a hora!

Pessoal, esta chegando a hora de se preparar para os festejos de fim de ano e depois cair na folia com o Bloco Anarco-Carnavalesco Filhos de Maria do Cais 2015!